Depois de defender o PL da Censura, que continua esperando uma distração do pessoal para oficializar o anseio lulopetista de controlar a internet, o Ex-tadão agora está preocupado com "o difícil problema da manipulação religiosa", que dá título ao seu editorial de ontem e "gera nefastas consequências políticas e sociais".
Há manipulação na internet e nas igrejas? Claro que há, mas diga onde não. Nas escolas, onde, ao contrário das igrejas, as vítimas são muito jovens e não podem simplesmente virar as costas e ir embora? Na grande imprensa, que atua em jogral e tenta equiparar joias devolvidas após decisão do TCU a um crime como o Petrolão?
Todos sabemos o que o jornalão que perdeu a vergonha na cara e fez o L quer dizer. Todos entendemos por que o partido-quadrilha antes se preocupava em censurar toda a imprensa e hoje só quer destruir a Jovem Pan. O que incomoda essa gente não é a "manipulação", mas a concorrência.
Revolucionária para os padrões desse tipo de jornalismo, a Foice de ontem abriu espaço para uma rápida entrevista com o filósofo David Runciman, que "adora provocações" (aiai) e considera que, como diz o título da matéria, "banir populistas como Trump é mais perigoso que deixá-los disputar eleições".
Trump contestou o resultado das eleições? E daí? Isso sempre aconteceu no passado. Temos muitas fake news? Mas desde quando a política não anda junto com a mentira? São essas as provocativas ideias do cidadão, que, ao longo da conversa, reitera que devemos deixar caras como o Laranjão disputar eleições e eventualmente vencê-las.
Aí você lê essa sucessão de obviedades que poderia ser encontrada em qualquer botequim e fica se perguntando: quem é o sujeito da frase? Quem é o "nós" que devemos ou não devemos banir candidatos ou deixá-los disputar eleições? As regras não são apenas ter certa idade, ser filiado a um partido e coisas do tipo?
Pois na cabeça do filósofo e do repórter não é. A petulância dessa gente é tão grande que eles consideram natural decidir pela sociedade, sem eleição popular e ao arrepio de qualquer lei, quem é aceitável ou não. Você não agrada a eles? Então é um "populista" que talvez tenha que ser impedido de concorrer.
Em Cuba já é assim, você pode votar no candidato (um só, no singular) que o Partido Comunista considerar apto a concorrer. O modelo do Irã é mais próximo do que a nossa imprensa deve estar querendo, pois dá para escolher entre os dois ou três previamente homologados pelo Conselho Revolucionário Islâmico.
Ah, espera aí, tem um problema. O que o conselho do novo integrante dos Brics mais se preocupa é com a fidelidade do candidato ao islamismo e aos aiatolás. Aí não pode, é manipulação religiosa.
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