Como a vingança é um sentimento bastante humano, quase todo mundo gosta daquelas histórias em que o valentão da gang que apavora a escola leva uma surra do aluno recém chegado. Melhor ainda se ele passa recibo e sai por aí fazendo beicinho e reclamando de ter apanhado.
Pois foi o que fez o Ex-tadão em reportagem de ontem sobre a PL da Censura, chamada de PL das Fake News por quem se orgulhava de ter enfrentado a tesoura autoritária publicando versos de Camões e agora defende que ela seja aplicada ao cidadão que não faz parte da sua patota.
Uma pequena digressão. Caso essa barbaridade acabe sendo aprovada, não tenha dúvida de que, tempos depois, você verá o Ex-tadão reclamando cinicamente do "abuso" da nova lei ou dizendo que "não foi para isso que ela foi feita". Exatamente como faz agora com o desgoverno que lutou para colocar no poder.
Outras virão enquanto a gang do ex-presidiário estiver onde está, Liberdade x Censura era a escolha fundamental da última eleição. Mas a primeira tentativa de aumentar a censura não deu certo e o jornalão resolveu choramingar e apontar o dedo para quem o enfrentou e se deu bem.
"O resultado seria outro se não fosse a bancada da Bíblia", confessa o diário enquanto constata que o "campo evangélico" utilizou o tema para melhor se posicionar politicamente. Mas sua maior dor é com a outra parte do que chama de "casamento de lobby fortíssimo": as empresas de tecnologia, principalmente o Google e a Meta.
"Era uma fila, todo mundo ficou apavorado", teria dito um dos deputados que relatou o assédio de representantes das empresas citadas (e do Youtube, Shopee e que tais). E o que os assustou não foram exatamente os argumentos contra a censura, mas as ameaças de retaliação que eles farejaram no fundo daqueles discursos.
Capangas do Google dando-lhes uma surra no beco? Não, nada disso. A retaliação seria melhor chamada de exposição na próxima eleição. Imagine. Não mais um grupinho de eleitores em grupo de zap, mas a própria big tech dando seus jeitos de lembrar o nome dos que votaram a favor da censura.
O Ex-tadão ficou indignado. Porém, se você ampliar o campo de visão, perceberá que era exatamente assim que os grandes jornais faziam tempos atrás. Ai de quem ficasse mal com eles, era uma reportagem atrás da outra contra o coitado. Nem precisa ir muito longe, basta lembrar da Foice contra Bolsonaro.
O problema (para a chamada grande imprensa) é que a sua importância é cada vez menor, o que eles publicam só pode causar impacto indiretamente, se cair na internet dominada por seus inimigos, um pouco ainda na TV. O tempo em que eles eram os valentões que botavam medo em toda a escola se foi.
Mas o hábito fica e o Ex-tadão encerra a lamentação com a lista dos 33 deputados que deixaram de apoiar a censura depois da referida pressão. Nome, estado, partido, está tudo lá. Em outros tempos os caras estariam desesperados, escrevendo cartas com explicações e desculpas ao jornalão. Hoje, quem liga?
Karatê Kid
Tem também aquele tempo em que o aluno que apanhava se recolhe para treinar. Faz parte. Parte da merecida vingança que o valentão arrogante acha que nunca virá, mas muitas vezes chega antes do que ele espera.
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