domingo, 18 de junho de 2023

Sucessão

Ninguém passou tanta vergonha nas últimas eleições como os "institutos de pesquisa" que até o último instante tentaram favorecer o triplamente condenado. No auge, chegaram a dizer que o então presidente nem chegaria ao segundo turno. Na maior parte do tempo lhe deram pouco mais da metade das intenções do ex-detento.

Na reta final, depois do primeiro turno provar o que todos sabíamos, maneiraram bastante. Mas mesmo assim se viram obrigados a inventar histórias tão mirabolantes como a de que a culpa era do eleitor contrário à censura e à corrupção, que se recusava a lhes responder para maldosamente desmoralizá-los.

É, a gente lembra. Mas eles pensam que não e estão aí de novo com a falta de x de sempre - você decide se x é competência ou honestidade. Esses dias soltaram uma pesquisa em que, com o mesmo tempo de governo, o sujeito que foge da rua para não ser vaiado tem a mesma popularidade do que era aplaudido em todo lugar.

E agora vieram com outra, do Datafoice, segundo a qual "29% se dizem muito petistas e 25% muito bolsonaristas". Além disso, "considerando todos os grupos, o país conta com 38% de petistas e simpatizantes do partido, em comparação com 32% de bolsonaristas e simpatizantes".

Já melhorou bastante - principalmente se você considerar que os bolsonaristas não conversam com eles, diria João Irônico. Mas para não discutir muito, acho que nós podemos cravar um empate pela média: 27% se dizem muito alguma coisa ou outra, e o número sobe para 35% incluindo os apenas simpatizantes.

Mas isso não está praticamente na margem de erro de todo instituto? Como se pode concordar com ela e ao mesmo tempo dizer que a pesquisa está errada? É que o erro não está exatamente nos números, mas nos grupos considerados, no nome que é dado a cada um.

À primeira vista parece tudo certo, o PT é um partido antigo e forte enquanto Bolsonaro é o eu sozinho, que ontem estava lá e hoje está cá. No entanto, eu me arrisco a dizer que é muito mais o contrário: o chamado bolsonarismo já se tornou um "partido" consistente e o que se chama de petismo é mais lulismo que qualquer outra coisa.

É só tirar os caciques da jogada para ver como a tribo se sai. Afora a exceção irrepetível da Jumenta, o petismo, sem o cachaceiro, desaba. Candidatos apadrinhados por ele não conseguem se aproximar dos resultados que o líder pessoalmente obtém. Onde ele ganha de lavada, eles às vezes ganham por pouco, nada mais.

Com Bolsonaro é o contrário, quem ele apadrinha está quase eleito. Para quem é de São Paulo basta pensar no carioca Tarcísio e no Astronauta, mas isso vale em todos os níveis e em todo o país. Já é a segunda eleição em que isso acontece. E quem o traiu na primeira sumiu na segunda, né Docinho?

Claro que o teste final é aquele que sabemos. Mas as características aqui citadas também fazem diferença nesse sentido. A esposa mais jovem, um dos filhos, Tarcísio, Zema que pode se aproximar, alguém que já lidera no segmento evangélico... O movimento que chamam de bolsonarismo continuará, Bolsonaro tem herdeiros a deixar.

O sociopata centralizador não deixará ninguém, a tendência é seu partido sumir como o PDT sem Brizola. E seu caso nos interessa particularmente porque, se a natureza seguir seu curso, será o primeiro a colocar à prova aquilo que hoje é apenas uma teoria. Nossa mente científica mal pode esperar, diria João Irônico.


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