Não é sobre desigualdade social. É sobre a balela, defendida pelo atual desgoverno, de que a Amazônia controla o "clima mundial" (e, subentende-se, o "mundo" deve tomar conta dela para nós). Quem fala sobre o tema é o climatologista Ricardo Felício, cujo recente artigo na Revista Oeste está condensado a seguir.
O circo climático internacional continua
Não! A floresta não faz o clima, é resultado do clima. São as condições ambientais e climáticas da região em questão que permitem que aquele tipo de floresta exista lá. Essa é uma informação básica, que já está inclusive em livros didáticos do segundo grau. A floresta também não é única, pois existem outras análogas pela Terra. Mas o fetiche, insisto, é sempre sobre a do Brasil.
A área ocupada pela floresta representa algo próximo de 1% da superfície da Terra, dependendo dos atributos a serem escolhidos, como tipo de vegetação, bioma etc. Como seria possível que supostamente algo como 1% da área do planeta fosse responsável por todos os outros 99%? Isto já extrapolou o nível do absurdo, caindo para o da insanidade!
Ademais, tratam a evapotranspiração da vegetação como elemento climático planetário. Esse foi um equívoco muito bem planejado por Stephen Henry Schneider (1945-2010), um engenheiro que, em 1977, com Kellogg (que não é o do sucrilhos), inventou um modelo arcaico de computador, em que a vegetação dominava totalmente o resultado climático.
Uma vez sem vegetação, tudo secava, pois não havia reposição de água. A refletância total da superfície sem vegetação (solo nu) mudaria para valores elevados e a maior parte da energia vinda do Sol seria refletida para o espaço, mas também esquentaria a superfície (num paradoxo do modelo). Como resultado, teríamos uma espécie de desertificação.
É óbvio que o modelo era falacioso, pois, além de centrado em si mesmo, atribuía um peso exclusivo para uma componente que não é autônoma, mas dependente (a evapotranspiração). Ela não é fonte primária, mas processo intermediário!
O erro de se colocar a evapotranspiração como componente decisiva se propagou na ciência climática e rende um prato cheio para discussões. Mas, para o proposto, fica claro que o que era mero exercício computacional serviu para impulsionar uma ciência climática que buscava encontrar culpados para a secura dos anos de 1970 — no sul do Saara, em especial — e definir políticas públicas. O que Schneider evidencia em seu artigo da Science de 1989 e seu envolvimento extremamente ativo com o IPCC desde o início, em 1988.
A Floresta Amazônica não é nenhum "santuário climático" e a temperatura do ar média global, cuja pregação se tornou um mantra, não será regida por sua existência como sumidouro de carbono (depósitos naturais que absorvem e capturam o CO2 da atmosfera, reduzindo sua presença no ar).
Florestas tropicais maduras praticamente reciclam seu próprio carbono. Por serem do tipo latifoliada, perdem suas largas folhas durante os períodos reduzidos de chuva, voltando a recuperá-las quando a precipitação retorna mais intensamente.
Nem Todd Chapman e muito menos o "enviado especial climático", John Kerry, querem saber desta verdade. Kerry, em especial, insiste em uma “proteção” da região amazônica, com a finalidade de "manter a temperatura do mundo". Patético!
Só o que querem é jogar a conta do embuste do "aquecimento global" nas costas (e contas) dos brasileiros, porque, se CO2 controlasse de fato as temperaturas, coisa que não faz, eles deveriam olhar para o seu próprio país, um dos maiores emissores deste gás, seguidos pela China. Ah, claro! Mexer com quem tem bomba atômica é outra história, não é mesmo?! Temos um discurso cheio de sofismas, que está calcado em nada! É infantil, mas continua a ser propagado em todos os recantos da Terra. O objetivo é denegrir a imagem do Brasil, de seus negócios internacionais e utilizar o assunto para estabelecer controles políticos ou econômicos. Sem contar, neste momento, outras facetas mais perigosas.
É certo que os "interventores" que tomam o governo do país na atualidade só fingem uma defesa da nossa soberania para não incorrerem em acusação direta de traição. O tom de seus discursos lá fora é outro! E "os tesouros" que Kerry mencionou durante a sua passagem pelo Brasil são outros. A turnê do circo climático internacional continua.
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