Uma das poucas coisas que se sabe sobre o espião russo descoberto recentemente no Rio de Janeiro é que ele namorava uma brasileira apesar de já ser casado com uma espiã de seu país. Sua esposa atuava em Atenas e desapareceu logo que o marido caiu, mas também tinha um namorado por lá.
Casamento aberto, algo moderno? Que nada, sexo e espionagem é mistura antiga. E, na busca do kompromat - contração de "material comprometedor" -, uma das táticas mais usadas pelos espiões vindos do frio sempre foi a chantagem sexual. Eles tinham (têm?) até agentes especializados nessa área.
Aprendi tudo sobre o assunto num livro condensado da Seleções, aí pelos 14 anos. Os caras tinham que se tornar especialistas na matéria, praticando-a à exaustão com suas colegas de espionagem sexual, russas especialmente escolhidas para virar a cabeça de qualquer inimigo do proletariado.
Eu já estava até imaginando quantos rublos custava a passagem para Moscou quando veio a ducha de água siberiana. Aquilo era no começo, depois o sujeito tinha que traçar umas camponesas fedorentas e manter relações com OS colegas, preparando-se para enfrentar o que viesse pela frente (ou, no último caso, também por trás).
Do ângulo político valia a pena, pois a vítima que escapasse de um laço caía no outro. Entre os casos mais famosos, em 1964, o embaixador francês em Moscou foi filmado em plena ação com uma agente que se passava por atriz. Já o adido naval da embaixada britânica resistiu bravamente a modelos e atrizes, porém não a um rapagão dos Urais que o fotografou em poses constrangedoras.
Mas esses são os episódios que vieram à tona. Presume-se que a maioria deles permaneceu oculta, resultando numa infinidade de políticos, militares, empresários e jornalistas que passaram a trabalhar para os russos ou seus aliados estrangeiros sem que ninguém desconfiasse do que acontecia.
Naturalmente, não se pode garantir que o Sergey, o russo que atuava por aqui, fazia parte desse time. Mas o fato dele ser um cara apresentável e, principalmente, fazer parte, com a esposa, de um pequeno grupo de casais de espiões, me lembrou dessa história. Por que "casais" se não houvesse um fundo sexual em tudo?
Resta saber quem o Sergey teria atacado. Os aliados dos vermelhos por aqui são os nossos comunistas, é claro. Assim, precisamos ver se, por exemplo, alguma grande empresária bagulhenta se tornou ardorosa defensora do lulopetismo em anos recentes. Ou se alguma líder setorial mais namoradeira fez transição similar.
O mesmo vale para os gays enrustidos. Será que o Leite resolveu assumir para evitar a chantagem? Algum de seus colegas não conseguiu sair da saia apertada e preferiu inverter seu posicionamento político? Conhecemos algum jornalista que repentinamente deixou de criticar o lulopetismo e se tornou seu capacho?
Teríamos que procurar fatos como esses e verificar se o Sergey está por trás deles. Não sei. Tudo que sabe até agora é que, ao participar de uma rodinha em que alguém ressaltou a ironia do "Sergey por trás", uma criatura de quem suspeitamos deixou escapar um suspiro e tentou disfarçá-lo ajeitando o chapéu.
Imagens: Mata Hari em foto colorizada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário