quinta-feira, 13 de abril de 2023

É a censura, idiota

34 anos de prisão, mais 34 sem poder viajar. Essa foi a sentença que Salma al-Shehab, então com 34 anos, mãe de dois filhos, recebeu em agosto passado, ao retornar de Londres para a Arábia Saudita. Seu crime: aproveitar a estada na Inglaterra para usar o Twitter e republicar mensagens de opositores ao regime.

Não é só por lá que manifestar uma opinião pode levar alguém à cadeia, é evidente. A criminalização do uso das redes sociais (e da internet em geral) é prática corriqueira em lugares como a Coreia do Norte e tantos outros, em que já era proibido falar mal do governo antes de qualquer computador.

Nas Américas, a campeã absoluta é a idolatrada ilhota dos ditadores assassinos, que tem a vantagem de ser o país com a menor relação de computador por habitante do Ocidente. Vantagem para os censores, pois para usar uma dessas máquinas é preciso fazer fila numas poucas lan-houses que podem ser facilmente controladas.

Se a mãe Cuba faz, os filhinhos reunidos no Foro de São Paulo também querem fazer. As Farc fariam de imediato se tomassem o poder na marra. A Venezuela fez, a Nicarágua saiu atrás e já deve estar na frente, a Bolívia caminha a passos largos, a Argentina vai tentando... e no Brasil não é diferente.

Não há nenhuma novidade nisso. Nos primeiros 14 anos de poder, os lulopetistas tentaram controlar a imprensa de todos os modos possíveis. Inventaram a Confecom (quem não souber é só pesquisar), criaram associações de jornalistas militantes que defendiam a "regulação da mídia", propuseram leis, não descansaram nunca.

Controlar tudo, sufocar os adversários, é uma tara dessa gente. Para dar um só exemplo que corre em paralelo com a censura, a anta estocadora de vento estava quase sendo chutada do palácio e ainda queria aprovar o decreto que passaria parte do poder do Estado para os "conselhos populares" cujos integrantes ela escolheria.

A única diferença de vinte anos para cá é que eles avançaram no domínio interno da mídia, aparelhando-a de modo inédito. Existem veículos independentes, é evidente, mas a maioria está aberta ou dissimuladamente ao lado do lulopetismo. Em termos de censura, a imprensa deixou de ser sua vítima para se tornar sua aliada.

A vítima, o alvo atual, é a internet, as redes sociais, aquele amplo espaço que eles não podem controlar via suborno ou aparelhamento. Eles até tentam, os MAVs estão aí, mas o número de antipetistas entre os que sabem se expressar por escrito é tão superior ao dos estúpidos que os apoiam que sua luta aberta é fadada ao fracasso.

Não eram os costumes, apesar dos absurdos que eles defendem. Não era a economia, pois, embora tudo indicasse o contrário, eles podiam acabar acertando e outro lado poderia acabar errando. E muito menos eram as decisões menores sobre temas isolados, pois é impossível que um governo só faça o que você pensa ser certo.

A grande, enorme, gigantesca diferença entre os dois projetos que se enfrentaram recentemente era mesmo a "Liberdade x Censura".

A gente já disse isso, mas é bom repetir a cada nova tentativa lulopetista de suprimir a liberdade de expressão, como a de agora contra o Twitter. Os idiotas que se diziam liberais e apoiaram a censura merecem que isso lhe seja esfregado na cara enquanto for possível. E o maior problema é que um dia pode não ser.

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