Como nós sabemos, a nossa querida Elaine Bruma enfiou-se na floresta ("foi para o centro do mundo") para "fazer o que nunca havia feito e não sabia ainda o que era". Vendo assim, parece até o pessoal da terceira via falando do seu candidato, mas o importante é que ela parece ter encontrado seu caminho.
Desempregada pelo El País Brasil, que faliu por excesso de lacração, ela parecia ter arrumado mais um problema. Mas foi justamente aí que a luz se acendeu e ela fundou o Sumaúma - Jornalismo do centro do mundo, um site onde vai acumulando artigos, próprios e de terceiros, sobre os temas que a motivam.
Poucas despesas, versões em inglês e espanhol, um cantinho no Face e outras plataformas. E uma newsletter quinzenal para quem apoiar o projeto com doações mensais que começam em 10 reais e podem chegar até 2.000, com as mais altas dando direto a reflorestar a Amazônia com um árvore que terá o nome do doador.
Quem quiser pode doar só uma vez e cancelar, é óbvio, mas a maioria das doações deve ser mensal e estar nas faixas entre 10 e 60 reais. E a guerreira já conseguiu quase 1800 doadores, o que deve lhe dar uma renda considerável. E pode, creio, conseguir muito mais.
Qual é o lacrador que não quer dizer aos amigos que está ajudando a salvar o planeta? Seu projeto de reflorestamento não é único, mas também existe o jornal e acho que a Bruma é uma espécie de heroína para quem compartilha de sua paranoia. Pode ser que ela não salve a floresta, mas arrumou um belo modo de se aposentar.
Num livro que li certa vez, lá pelas tantas o autor citava o comentário de um francês de antes da Revolução sobre as belas esposas dos açougueiros, todas, segundo ele, oriundas de famílias pobres que as empurravam para os membros de uma categoria então hereditária e relativamente bem posta na sociedade.
É o truque mais velho do mundo para uma moça bonita se dar bem na vida. Mas o autor do livro, socialista das antigas, ficava simplesmente indignado com a "insinuação" de que as antigas francesas pobres estariam "traindo sua classe social" ao unirem-se a quem tinha mais dinheiro para sustentá-las.
Me lembrei disso ontem ao ler um artigo do UOL sobre a menina que casou com o prefeito. A autora a tratava como uma traidora da causa (aquela do UOL), acusava sua família etc. E ainda salientava que a lei permite casar aos 16, mas "a ONU diz" que o casamento deve ser só a partir dos 18 e isso deveria ser exigido aqui também.
O interessante é que se a menina estivesse querendo fazer um aborto nada disso seria lembrado. Imagine então se ela fosse ainda mais moça, até mesmo uma criança, e estivesse dizendo que deseja mudar de sexo. Já sabemos como essa gente pensa: mudar de sexo aos 10 pode, casar aos 16 não pode.
É uma incoerência, uma desconexão da realidade, uma imbecilidade... não dá nem para definir exatamente o que é pior. Mas é assim que essa gente é. E não é por acaso que meu cérebro juntou a imagem do socialista antigo à da lacradora de hoje. É tudo farinha apodrecida do mesmo saco.
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