O cara não perdeu o hábito de dizer que "não sabia" o que faziam seus leais subordinados, sua esposa ou quem quer que esteja por perto. Isso continua igual, é só descobrirem alguma de suas patifarias que o mecanismo é acionado. Mas numa coisa ele mudou radicalmente nessa nova aparição.
Antes, quando não tinha jeito de negar, ele dizia que era tudo "de um amigo". Agora, ao invés, é "de um inimigo". Descobriram que o verdadeiro golpe do 8 de janeiro foi o do seu GSI, que convidou as incautas tias do zap a entrarem no palácio para depois acusá-las de invasoras? Ah, o GSI não é dele, é do inimigo.
A versão é tão capenga que apenas os capachos mais exaltados, do estilo Tia Reinalda e Miriam Leitoa, tiveram coragem de defendê-la. Segundo esses militantes, alguns membros do atual GSI já faziam parte do anterior e foram esses infiltrados que abriram as portas para as perigosas terroristas derrubarem o desgoverno.
Mas ele não teve dois meses para escolher uma equipe de confiança? Por que os colegas confiáveis não contiveram o infiltrado? Será que ele é tão incompetente que todos eram infiltrados? Por que o general que os chefia viu tudo e não mandou seus subordinados pararem?
A Leitoa tentou passar uma demão de lógica na estrutura sem fundação e incluiu o general, homem de confiança do ex-presidiário, na conspiração. Levou um puxão de orelha do Twitter e mudou de assunto. Tia Reinalda e os demais foram mais espertos, lançaram a alfafa para os militontos e caíram fora da roubada sem dizer mais nada.
Milly Lacombe, Juca Kfouri e Cheiragrande estão tristíssimos com a contratação de Cuca pelo Coríntians. Não por questões técnicas, mas porque serão obrigados a torcer para um inimigo, um provável apoiador de Bolsonaro (quase todo futebolista é) e um "estuprador condenado" (como eles gostam de repetir).
Acontece que a suposta estuprada nem o reconheceu, Cuca só foi acusado de estar próximo do alegado estupro e não tê-lo impedido. Ficou preso por um tempo e depois foi condenado à revelia a quinze meses de prisão (pena relativamente leve, que reitera o quanto teria sido secundária sua atuação no caso).
Ele não cumpriu a pena porque nunca mais voltou à Suíça. E acho que qualquer um no lugar dele não voltaria, fosse culpado ou inocente. Hoje, no entanto, Cuca poderia viajar para lá sem receio, pois o caso, ocorrido em 1987, já prescreveu.
São quase quarenta anos! Para a nossa esquerda, no entanto, não há prescrição. Se o sujeito for da turma deles sempre será inocente e só poderá ser condenado por maldade de quem o julgou. E se for inimigo será eternamente culpado, independente do que tenha feito ou de quando o fez.
Para alguém como Cuca só há um modo de obter perdão: filiar-se ao PT, dizer que apoia o Molusco, que Bolsonaro é genocida ou algo equivalente. Aí sim, pode apostar que as Millys e Jucas diriam que não devemos ficar remoendo o passado e passariam a louvar o seu exemplo de conscientização.
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