sábado, 25 de fevereiro de 2023

Livrai-nos do mal

Progenitor nosso que estais no céu... Ainda não propuseram a novidade por aqui, mas, na Inglaterra, onde ela foi criada, já tem gente defendendo que a Igreja Anglicana deixe os velhos conceitos de lado e passe a se referir a Deus com o tal gênero neutro. "Parent" preferem alguns, "Godself" é outra opção.

No Brasil a escolha do nome seria mais difícil. Progenitor é o masculino de progenitora, não resolve o problema. Ancestral nosso que estais no céu? Também não serve, o "nosso" entrega o gênero. O negócio é partir logo para o "nosse", mas isso seria só o começo.

Não dá para esquecer do céu, que é superior à terra. "O" superior a "a"? Machismo na veia, não pode. E que dizer de "o" pão que alimenta e "das" nefastas ofensas que devem ser perdoadas? Não adianta, teria que mudar quase tudo, essa mania de colocar o gênero no artigo dificulta as mudanças em português.

Em compensação, apesar do anglicanismo inglês ter sido contaminado pela agenda woke e aceitado até a união homossexual (embora sem chamá-la de casamento), pouca gente levou a sério a mudança do Progenitor Nosso por lá. E adivinhe em qual país os moderninhos da velha igreja estão mais ouriçados.

Corta para a Catedral Anglicana de São Paulo, em que, no domingo anterior ao Carnaval, o padre Aldo Quintão tentava convencer os fiéis de que aquele antigo livro precisa ser atualizado:

Tem trechos da Bíblia em que o homem vai lá e pode transar com todas as empregadas dele. A mulher tem que aguentar, ficar calada e ficar com ele, Davi, que escreveu os Salmos, dizem que ele tinha mil.

Não era Davi, era Salomão, corrige outro sacerdote. Poderia ter dito também que o negócio de transar com as servas não era bem assim e que Davi é o presumido autor de muitos salmos, não dos salmos. Mas Quintão nem deu bola para o erro primário e passou a tentar provar que o homossexualismo não é incompatível com a Bíblia, basta reinterpretá-la:

A gente tem que reler, trazer para os dias de hoje.

E posturas como a dele não são novidade desde que, num processo que já se estende por décadas, grupos de esquerda - compostos por pessoas como o petralha Dom Orvandil, que escreve ou escrevia habitualmente no Esgotão - passaram a se infiltrar na Igreja Anglicana e perverter sua mensagem.

Quer dizer, nas igrejas, pois graças a essa degradação o anglicanismo perdeu fiéis e se dividiu em vários ramos dissidentes, alguns achando que as mudanças são pequenas, outros que elas já foram longe demais.

Na própria Inglaterra, onde ainda estão 33% dos anglicanos, o número de fiéis cai sem parar. E no resto do mundo, principalmente nas ex-colônias inglesas da África, as igrejas que prosperam são as que rejeitam os modernismos do "Vaticano da Cantuária".

Nenhuma novidade. Se os padrões morais do camarada são os que o jornalismo woke inventa a cada semana, por que diabos ele vai se preocupar em participar de um coisa que deve se basear em princípios praticamente imutáveis? Que vista uma camiseta do Chê e passe seu domingo bebendo num barzinho trans, é muito mais coerente.

Se há um campo em que quem lacra não lucra, este é o da religião. O que acontece na Igreja Anglicana se repete em menor escala na Católica, quanto mais as deturpam, mais as tornam irrelevantes e afastam os fiéis. Igrejas woke não prosperam. Apesar de nossas ofensas, deste mal nós aparentemente estamos livres.


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