quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Del bandera

Você, que já deve ter visto todo tipo de erro de português, viu alguma vez alguém escrever "del bandeira" ao invés de "deu bandeira"? Pois é, nem eu. E o motivo é simples: a língua falada evoluiu (ou involuiu, se assim lhe parecer) do "l" para o "u", não em sentido contrário.

Ouça um samba de cem anos atrás, pense no Getúlio se dirigindo aos "trabalhadores do Brasil". Aquele "l" final é pronunciado como tal. Era assim, como se escreve, que nossos avós falavam. Nós, apesar de ainda escrevermos do mesmo modo, falamos de outro: "Brasiu", "finau é pronunciado como tau".

É por isso que o sujeito que abandonou a escola para ajudar no apiário da família pode acabar oferecendo seus produtos na beira da estrada com um cartaz onde se lê: "vendeçe méu". Mas nem mesmo o religioso de pouquíssimas letras escreverá que espera ir para o "cél".

Assim, considerando essa tendência geral, a segunda coisa mais esquisita da depredação ocorrida recentemente em Brasília foi alguns invasores terem pichado uma parede do STF com um estranhíssimo "perdel mané".

Se a pichação foi ruim, o erro de português foi pior. Só serviu para o vaidoso autor da frase original ironizar a ignorância de seus opositores e posar no seu papel favorito, no qual se imagina um mestre sofisticado que indica livros e músicas para civilizar os selvagens ansiosos por suas orientações.

Serviu tanto que dá até para desconfiar que o ato foi proposital, realizado por infiltrados que, tal como os jornalistas que lhe perguntaram o que achava do caso depois, apenas levantaram a bola para que ela fosse cortada pelo defensor de terrorista assassino de crianças e charlatão estuprador.

Uma suspeita que ganha corpo quando se considera que a primeira coisa mais esquisita foi ver - de repente, de forma inédita - manifestantes de direita se comportarem como normalmente se comportam os arruaceiros da extrema-esquerda.

Seria interessante identificar os autores do feito. Como só os "golpistas" menores de idade e maiores de 60 foram libertados, eles devem estar entre os que permanecem no campo de concentração do lulopetismo. E como tudo foi filmado, com a tecnologia de hoje é fácil chegar aos culpados.

Só não chegarão se o objetivo não for individualizar as condutas para punir quem realmente depredou ou pichou, mas, ao contrário, esconder quem fez isso para culpabilizar todos os que lá estavam. Ou inclusive os que não estavam, mas votaram no mesmo candidato que eles.

Sei não, vamos ver, esse negócio de já querer culpar indistintamente os judeus, digo, bolsonaristas, pode trazer alguns problemas. Eles também não podem dar muita bandeira cedo demais.


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