segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Analisando o terreno

Como censura antigamente era sempre de materiais impressos, eles evitam cuidadosamente sua proibição. Criado o mito de que a internet é o terrível e exclusivo reino das fake news, criou-se a desculpa para jogar na fogueira qualquer coisa ali postada. Mas o mesmo texto passa batido se fizer parte de um livro ou de um jornal com versão impressa.

Não fosse assim, um jornal como o curitibano Gazeta do Povo, um dos poucos decentes que sobraram no Brasil, já teria sido fechado há algum tempo. Mas ele está lá e andou publicando alguns artigos sobre as posições de nossos militares, mais especificamente os do Exército.

Uma dessas matérias dizia que a decisão de permitir a consolidação do golpe iniciado com a descondenação irregular do conhecido presidiário envolveu uma acirrada discussão em que o Alto Comando dessa arma se dividiu quase exatamente ao meio.

Outra comentava o que estaria sendo discutido sobre política dentro dos quartéis, tema em que não há muita novidade. Como se pode imaginar, muitos criticam reservadamente a omissão do Alto Comando. E as discussões sobre o futuro da direita são muito parecidas com as de antes e envolvem basicamente duas linhas.

Uma delas, aparentemente majoritária, acredita que esses setor deve se aglutinar em torno de Bolsonaro, que fez um bom governo numa situação dificílima como a da pandemia, possui uma enorme capacidade de mobilização popular e certamente teria vencido a eleição se esta tivesse sido conduzida com isenção.

A outra linha acredita que ele é muito mais um populista do que um conservador e perderá crescentemente apoio longe do poder, sendo necessário já pensar em outro nome. Moro ainda é citado como opção. Mourão pode ser uma possibilidade caso se sobressaia como senador. E Zema é uma terceira opção.

Ressalte-se que essa é uma discussão tão normal e saudável quanto a que envolveria atacar os bárbaros pelo lado da praia ou pelo da montanha, em que os debatedores defendem o que julgam melhor para o grupo, mas vão juntos para o combate seja qual for a decisão final.

Não existe aqui nada parecido com a malandragem de traidores como antas e mbls, que usam divergências internas desse tipo para transformar os idiotas que os seguem em linha auxiliar do inimigo.

Dito isso, me parece difícil que o próximo candidato da direita não seja Bolsonaro ou alguém apoiado por ele. Suas relações com grupos políticos podem ser criticadas de um ponto de vista ideal, mas são o que de mais digno tivemos em termos práticos. A ausência de corrupção de seu governo não teve igual. E até o populismo de que o acusam (com razão) é uma conexão com parte do povo sem a qual não se ganha uma eleição.

E ele não só ganhou uma com facilidade. Também teve mais votos na tentativa de reeleição (o que é uma exceção nesses casos) e só não a venceu por diferença mínima apesar de tudo que fizeram para derrubá-lo, incluindo desde a descondenação do Barrabás e a manipulação de imbecis por grupos como os supracitados até uma possível programação maliciosa das urnas cujo resultado não pode ser auditado.

Ninguém chegou nem perto disso nos últimos vinte anos, quando a extrema-esquerda conseguiu vencer até com estrupícios como a criminosa impichada. Pode ser que apareça alguém melhor para a função, nada é impossível. Mas, no reino da realidade, estamos longe disso acontecer.

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