segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Charruas

Quem desconfiaria que o hoje idoso M@rcos Cintr@, o do impost0 únic0, era membro de uma milíci@ digit@l antidemocrátic@? Salvou-nos o ministr0 Big Xand, que, tendo detectado a ação do meliante, de pronto inseriu-o no eterninquérito sobre o tema e determinou a exclusão do perfil através do qual ele cometia seus crimes.

Mas ele não passava os dias digitando e não parece fazer parte de nenhum grupo organizado, apenas emitiu uma opinião. Isso não seria cala a boca, aquele que já morreu? Seria. Mas a ministra, vampirista juramentada, já explicou que suas palavras foram mal interpretadas e os mortos podem ocasionalmente voltar, desde que por tempo limitado.

A dúvida é quem estabelece o motivo para o retorno e seu limite temporal. Seria bacana se eles pelo menos tentassem explicar o que fazem do ponto de vista das leis escritas. Da última vez que tentaram, revelaram que tudo que é feito através da internet está submetido a uma leitura mandrake do regimento interno de quem a utiliza para se comunicar.

Agora já nem se dão a esse trabalho. Só mandam prender, deletar ou o que lhes vier à telha. E nem revelam por quanto tempo será assim. Daqui a um ano será possível dizer que a eleição foi fraudada desde a descondenação do ex-presidiário? Um historiador poderá tratar do tema em mais algumas décadas?

Não sei. Por via das dúvidas seria bom o Obama alterar aquele trecho em que se refere aos bilhões surrupiados por ordem do chefão do Tammany Hall. Ou será que basta censurar a tradução de suas memórias em português? Temporariamente, é claro.

Falando em nativo...

Uma das urnas em que o adversário do chefão não teve nenhum voto está em Charrua, no Rio Grande do Sul. Situado entre Erechim e Passo Fundo, as cidades "grandes" mais próximas, o município conta com cerca de 3.700 habitantes, em geral, como é comum na área, descendentes de colonos italianos e alemães.

Cerca de mil charruenses, no entanto, fazem parte da comunidade indígena que inspirou o nome da localidade. E imagino que a justificativa para o fenômeno é que a urna em questão devia ser a mais próxima dos integrantes da tribo, que, apesar de aculturados, votam como uma só pessoa, em quem o cacique mandar.

O curioso é que, dos 387 eleitores ali registrados, 60 não apareceram. E dos 327 restantes, 25 não votaram em ninguém. Ou seja, tem muita gente que não está respeitando o cacique... mas só um pouquinho. Eles não aparecem para votar ou votam nulo, mas jamais em Bolsonaro. Deve ser receio de alguma maldição lançada pelo pajé.

Mais curioso ainda é que, com essa força política toda, nenhum petista se aproximou dos índios para se eleger vereador nem estes quiseram colocar um dos seus na câmara municipal, como seu número indica que poderiam facilmente fazer. Nas últimas três eleições, os nove eleitos são de partidos considerados mais à direita (só há um do PDT) e seus sobrenomes são invariavelmente europeus.

Mas vai ver que isso também é temporário. Só não tem prazo para mudar.


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