terça-feira, 27 de setembro de 2022

Tempos sombrios

Tempos sombrios, medo. O mote de Joaquin Teixeira poderia ser hoje usado por mais de um colunista daquele grupo jornalístico que recebeu cerca de meio bilhão de reais de um governo caracterizado pela desonestidade e apenas dois milhões de quem acabou com esse tipo de festa.

Entre os exemplos, um tal Valdeci Ferreira, "advogado e teólogo", explica, em Militância Oprimida, por que a maioria das honestíssimas pesquisas do instituto ligado ao isento jornal em que escreve parece uma ínfima minoria na realidade falsificada das ruas tomadas pelos fascistas.

Ele sentiu na carne. Passou por uma turminha com uma faixa que pedia para os motoristas buzinarem em apoio a um candidato e não só não buzinou como gritou o nome do adversário. Pra quê? Uns três deles se viraram em sua direção e fizeram arminha com os dedos "como se quisessem me dizer: 'cala a boca senão eu te mato'".

Ainda se tivessem cuspido em seu rosto ou lhe dado uns cascudos ao estilo psol versus mbl. Mas não, eles fizeram arminha! Dá para imaginar o horror que esse homem enfrentou? E o que ele experimentou outros sentem também:

Medo de ir a comícios e ser atacado ao retornar para casa, medo de sair às ruas com sua bandeira e ser agredido, medo de plotar seu veículo e ele ser arranhado ou apedrejado, medo de colocar uma faixa diante de sua residência e ver seu muro ser pichado ou sua vidraça quebrada. Medo de colocar um adesivo no peito e ser ridicularizado e medo de anunciar seu voto publicamente e ser demitido.

E assim, com tristeza e desalento, vejo os mais pobres e a militância esquerdista pela primeira vez silenciosa e oprimida. Sinal claro e evidente de que alguma coisa vai muito mal no arranjo de nossas instituições democráticas, a propósito, sob permanente ameaça do governante de plantão.

Viram? O problema não é que eles não empolgam quase ninguém, são as ameaças a nossas instituições democráticas. Culpa de quem?

A insistência de Sakanamoto

Desde que o assunto do medo foi levantado pela Foice, é o nipomalandro quem parece ter sido escalado para associá-lo à legitimidade da próxima eleição. E hoje ele volta à carga com um artigo cujo título resume o conteúdo: Eleição não é livre se cidadão teme votar por violência política.

O que estará por trás dessa escalada. Será tudo apenas um seguro retórico para o habitual "erro" pró-esquerda das pesquisas do grupo? Ou haverá algo mais grave por trás? Tempos sombrios, medo.

O anonimato venceu o medo

Esse dias, falando sobre previsões furadas, a gente lembrou aquela de que muitos políticos que apoiavam o governo só queriam pegar mais uma graninha antes de abandoná-lo e correr para os braços do ex-presidiário, escorando-se em sua popularidade para ganhar mais um mandato.

Estamos na última semana da campanha e nada disso aconteceu. Ao menos publicamente, abertamente, pois Mônica Bergamo assegura que, impactados pelas pesquisas, até "ministros de Bolsonaro" estão enviando sinais de apoio ao ladravaz nos bastidores.

Quais "ministros"? Quantos deles? Moniquinha não diz porque o jornalismo profissional não pode revelar suas fontes.

E de que adianta essa aproximação tardia se o seu principal objetivo, que seria ganhar votos ao mostrar proximidade com o ex-presidiário, não pode ser alcançado com contatos secretos? Moniquinha também esqueceu de informar. Ou teve medo de contar. Com esse fascismo todo, é melhor não arriscar.


Nenhum comentário:

Postar um comentário