"Sem qualquer controle externo, isto cria, nas mãos de alguns técnicos, um poder absoluto de manipular resultados sem deixar qualquer rastro. Não foram encontrados os procedimentos necessários para proteger estas PEP (pessoas expostas politicamente) contra a coação irresistível, gerando outro risco elevado."
A declaração é de Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, que, atendendo ao convite de análise do sistema eleitoral em nome do PL, levantou várias inconsistências e recomendou que o TSE tomasse ações de precaução que deveriam incluir uma "auditoria independente do funcionamento da urna eletrônica".
O documento completo está disponível por aí, mas o cerne do problema está nos trechos acima. O que o TSE chama de auditoria e alguns compram ou fingem comprar como tal é a validação do que seus PEPs (seus poucos técnicos) apresentam para ser auditado. Mas quem garante que é isso que realmente estará lá no momento decisivo?
Quem assegura que alguns 00010110 não serão trocados por 00001101? Uma rotina para alterar x% dos votos na condição y pode ser extremamente compacta. E pode ser distribuída em setores oficialmente utilizados para alguma outra coisa, de modo que até uma auditoria externa posterior (que não existe) teria dificuldade para encontrar.
Imagine sem ela. Esses dias nós trouxemos aqui o exemplo, lembrado por um experiente auditor, dos sistemas ECF (Emissor de Cupom Fiscal). Todos são rigorosamente fiscalizados (e refiscalizados) para evitar a sonegação. Mas todos a permitem ou podem permiti-la, pois isso depende de uma decisão de quem realiza sua programação.
Por malícia ou absoluta ignorância, os que defendem o atual sistema sempre se referem à sua blindagem contra interferências externas. Mas nada nas condições atuais o defende do inimigo interno, da fraude comandada de dentro e implementada por alguns de seus técnicos, seus PEPs.
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Mas por que os honestos e profissionais PEPs topariam participar de algo assim? Justamente pelo E. Como nós sempre dissemos, não se trata aqui de nada muito moderno, sofisticado e tecnológico, mas deles estarem EXPOSTOS a duas das mais antigas tentações da humanidade: suborno e chantagem.
Um certo jornal perdeu meio bilhão com a mudança de governo, uma certa emissora perdeu muito mais. Muitos perderam fortunas com o fim da bandalheira. O que custa para essa gente investir milhões na aquisição de jornalistas como aquele em que você está pensando? Ou em meia dúzia de institutos já costumeiramente comprados no passado? O que custaria oferecer algumas dezenas desses milhões para os técnicos certos?
Nós estamos falando de bandidos. Não digo isso pela casa na praia ou bobagem parecida. Eles são subordinados a ditaduras assassinas, associados a grupos de terroristas, traficantes e sequestradores. São pessoas que podem, se acharem necessário, mandar matar os próprios comparsas (e testemunhas em série). Qual PEP, por honesto que fosse, não levaria a sério a ameaça de perder um familiar caso não entrasse no esquema ou o denunciasse?
A análise do PL tocou no ponto certo. Tanto que os veículos dos grupos citados já quase nem a mencionam. Ela é uma fake news, dizem eles para disfarçar o fato de que não podem contestá-la. E há quem acredite ou finja acreditar.
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