Sem ter como atacar diretamente quem luta contra o retorno da sua bandalheira, a mídia que apoia o ex-detento às vezes deixa o "mas" de lado e exercita sua desonestidade em manchetes como Twitter não suspendeu conta de Michelle Bolsonaro por publicar conteúdo de intolerância religiosa, hoje encontrada na Foice e no UOL.
Se as palavras fazem sentido e uma manchete de jornal deve evitar a ambiguidade, isso significa que a Michelle publicou um "conteúdo de intolerância religiosa" e, mesmo assim, o Twitter não suspendeu sua conta. Pois é. Deveria ser, mas...
Quando você vai ler a notícia, logo se depara com a frase: Diferentemente do que afirmam posts, primeira-dama não tem perfil oficial na rede; página fora do ar é de apoio a ela.
Ah, bom, agora deu para entender que a manchete era uma espécie de pegadinha com a esposa do presidente. Diferentemente do que ela dava a entender, o Twitter suspendeu uma página que apoia a primeira-dama por publicar um "conteúdo de intolerância", certo dona Foice?
Não, nem isso. Lendo mais um pouco você descobre que a suspensão não tem nada a ver com conteúdo algum, mas com o fato da página em questão tanto homenagear a Michelle, com sua foto e nome completo, que parece ser dela.
Assim, o Twitter não suspendeu a conta da Michelle (que nem existia) e não suspendeu outra conta por "conteúdo de intolerância religiosa". A manchete é pura pilantragem de um jornalismo cada vez mais moralmente próximo do seu candidato à presidência e daqueles que rasgaram a lei para permitir sua candidatura.
No entanto, como hoje em dia só cai na conversa da Foice quem quer, nem dá para se indignar. O que resta desse episódio é apenas seu caráter burlesco. Ele lembra até uma das antigas piadas de português, aquela em que o gaiato grita:
- Manoel, corre que a tua casa está pegando fogo com tua mulher dentro em Niterói!
O português larga tudo e sai correndo, desesperado. E só quando está na barca, em meio à travessia, diz para si mesmo:
- Ó raios! Eu me chamo Joaquim, sou solteiro e moro num apartamento em Copacabana, o que estou a fazer aqui?
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