"Um grito de alerta, mais um, sobre uma situação desesperadora." É assim que Maurício Stycer, sociólogo da USP e colunista de TV do UOL, se refere ao documentário Endangered, que ele traduziria como "ameaçados de extinção" e trata "dos problemas que ameaçam a profissão de jornalista".
Os autores abordam o tema através da história de quatro pobres jornalistas, dois homens e duas mulheres. Quer dizer, uma das moças nós temos certeza que não é pobre, pois seu papai recebeu milhões do dinheiro roubado pela Odebrecht por ordem do PT, mesmo partido defendido ardentemente pela filha.
Se a Patty Mentirosa é apresentada como coitadinha, você já imagina o que vai encontrar. Lamúrias, lamúrias. Autocrítica, nenhuma. Nem dos autores do documentário e muito menos do Stycer, que quer até fazer um PPP como o do Dallagnol, mas com uma diferença e uma conclusão pessimista:
(...) o jornalista poderia ser posto no centro do diagrama, mas não como responsável por uma rede de malfeitos, e sim como vítima. Os seus vilões seriam identificados com as seguintes plaquinhas: revolução digital, fake news, redes sociais, governantes autoritários, políticos inescrupulosos, empresários sem visão, assediadores de repórteres (...) parece cada vez mais difícil fazer entender o que aconteceu com uma profissão que já teve tanta importância e glamour. Deve haver alguma luz no final do túnel, mas está difícil de enxergar.
Lamúrias, lamúrias. Autocrítica, nenhuma. Se houvesse alguma, Stycer começaria por admitir que os quatro últimos vilões - governantes, políticos, empresários e assediadores de todos os tipos - já existiam no tempo do glamour. Assim, o que causou o desastre deve envolver as redes sociais e a revolução digital.
E é verdade. Não é mais necessário comprar jornal para saber as notícias. Não é preciso enviar repórteres e fotógrafos em jatinho fretado para obter relatos e imagens de eventos distantes. Nem daria tempo para isso, tudo é instantâneo, na hora do jornal da noite o pessoal já pode ter visto e revisto a notícia na internet.
Não se pode cobrar como antes e não há glamour que resista à pindaíba, essa é uma parte do problema. A outra é que a concorrência aumentou, qualquer perfil no Twitter pode virar um pequeno jornal. E pode também dar voz àqueles que antes não podiam brigar com a imprensa sob pena desta destruí-lo, o poder diminuiu.
Ah, mas tem as fake news. Nada garante a confiabilidade dessas novas fontes e as pessoas ainda precisam da seriedade da imprensa profissional. Nós até criamos uma imagem em que, com a internet, todos passavam a sentar na mesa antes exclusiva da imprensa, mas esta era o adulto que ocupava a cadeira mais alta da cabeceira.
Deveria ter sido assim, Stycer, a imprensa deveria ter se tornado muito mais séria, honesta e imparcial para se diferenciar da malta que seria trazida pelas redes. O problema, queridão, é que vocês dizem fazer isso, mas têm feito exatamente o inverso. Quanto mais deveriam frear, mais enfiam o pé no acelerador.
Há exceções, claro, mas a imprensa das "putinhas do PT", hoje preponderante, quer impingir costumes de um minoria deturpada à maioria, lança fake news aos montes, chama de imparcial quem é arbitrário e atribui arbitrariedades a quem nem tentou cometê-las, omite fatos que não confirmam sua narrativa (como o atual manifesto contra a cartinha) e assim por diante, a lista poderia ir longe.
Se antes já seria difícil fazer isso, imagine agora. Nada do que está acontecendo é acidente ou culpa de malvados de fora, Stycer, é escolha arrogante de vocês. E como seu artigo é mais uma prova de que vocês não vão mudar, respondemos à sua choradeira com o nosso mais sonoro phodam-se.
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