Imagine que um candidato se apresenta na abertura de um evento que reúne cerca de 35 mil pessoas e é ovacionado de maneira praticamente unânime por elas. Ou ele chega a uma cidade (qualquer uma, em qualquer parte do país) e o pessoal da região o acompanha em uma motociata que se estende por quilômetros.
Imagine agora que é o seu adversário quem decidiu montar no cavalo ou na moto. Está imaginando? O que os 35 mil cantam nas arquibancadas? Eles aplaudem ou vaiam? E na concentração para a motociata, o que você escuta? Nada? Pois é, não apareceu mais que a meia dúzia de filiados ao partido que tem moto.
Imagine também o que Globostas e Foices diriam se os candidatos estivessem invertidos. Essa é fácil, nossos militantes de redação não se cansariam de mostrar cada detalhe das performances de seu preferido ao mesmo tempo em que zombariam do desafiante que precisava fugir do contato direto com o povo.
No entanto, como é o contrário, suas "pesquisas" colocam o fugitivo na frente enquanto suas "notícias" minimizam ou simplesmente omitem os fatos que as contradizem. Imagine se não existissem redes sociais, você jamais saberia da imensa maioria das motociatas e da extensão do que aconteceu em Barretos.
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Imaginemos que essas pesquisas estão certas quando sustentam que seu líder é mais forte entre os que não têm dinheiro para comprar uma moto ou pagar o ingresso de uma festa. A questão é que elas também dizem que ele está empatado ou muito próximo do adversário entre quem tem condições para isso.
Se tivesse 45% dessa faixa, o líder das pesquisas não teria dificuldade para reunir 4.500 motoqueiros onde o outro reúne 5.500. Em Barretos, quase 16 mil pessoas vaiariam seu adversário. E uma vaia de "apenas" metade disso ainda seria claramente ouvida, quem já foi a um estádio de futebol pode facilmente imaginar.
Note que esses segmentos não envolvem nichos específicos, mas atravessam vários deles. Não existe música de esquerda ou meio de transporte de direita. É possível imaginar tanto o empresário como o sindicalista escutando música sertaneja nas horas vagas. Ou o sociólogo andando de moto como o policial.
Você pode dar o desconto que quiser, imaginar que tudo se deve ao fato de um lado estar mais mobilizado que o outro ou o que bem entender. Mas a desproporção mostrada na prática é grande demais para ser conjugada com as pesquisas dos militantes. Ou elas ou a realidade, uma das duas está errada.
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Depois do Boca relacionar os "atos golpistas" de Bolsonaro (pensar em quebrar janelas etc.), chegou a vez do Careca revelar como imaginou que existia um tal Gabinete do Ódio e passou a perseguir seus membros. Ele se baseou numa lista que incluía até a jornalista do UOL, Madeleine Lacsko, que protestou:
Acabei de ler o Minority Report do ministro Alexandre. A gente achando que o Bolsonaro era autoritário... crianças, maior loucura que eu já li.
Você não está só, Madeleine, tem muito idiota imaginando que o risco à democracia está em Bolsonaro, não na turma de seu adversário. Como você, esses caras nunca imaginam que o monstro que estão ajudando a criar possa se voltar contra eles.
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