sábado, 2 de julho de 2022

O poder da esperança

Eu vou resumir a história (que acredito que você também desconhecia), mas o artigo da BBC detalha os diferentes motivos físicos das mortes (de excesso de adrenalina a desaceleração do coração), os nomes e títulos dos pesquisadores envolvidos (todos eles americanos) e outros pormenores.

Em 1942, um desses estudiosos publicou um trabalho sobre a "morte-tabu", que acontece quando o selvagem acredita que vai morrer porque pisou no solo proibido, foi enfeitiçado pelo pajé ou algo do tipo. Acredita e morre mesmo, às vezes em questão de horas.

Logo se observou que o fenômeno não se restringia aos povos primitivos. Muito civilizado já havia morrido (e deve continuar morrendo hoje) sem problema físico algum, apenas por coisas como tomar uma dose inofensiva de veneno e acreditar que isso o mataria. A guerra então em curso ofereceu inúmeros exemplos disso.

Doze anos depois dela, em 1957, tentando entender o que acontecia nesses organismos, outro pesquisador colocou ratos em cilindros com água e passou a observar suas reações. Hoje em dia o matariam. Na época, só os ratos morreram. Mas em tempos diferentes, alguns de imediato, outros depois de muito se debaterem.

Esperança, foi aí que apareceu a palavra. Alguns tinham esperança de sobreviver, outros logo a perdiam. Explorando essa vereda, o cientista foi criando variações, uma das quais consistiu em comparar a reação dos ratos de laboratório até então utilizados com a de ratos capturados nas ruas.

Pensava ele, como a maioria de nós, que os briguentos ratos de rua lutariam mais por suas vidas. Pois aconteceu o contrário. Os ratos de laboratório estavam acostumados a viver em espaços restritos e só se assustavam com a água. Os outros pareciam perder a esperança assim que eram presos e verificavam que não podiam escapar.

E se a esperança dos ratos fosse estimulada, retirando alguns da água de tempos em tempos? Os dois tipos de ratos reagiram praticamente do mesmo modo. Os que eram retirados passavam a acreditar que a salvação era possível e encontravam forças para continuar a lutar, sobrevivendo por um período muito maior.

É claro que o futuro dos ratos estava pré-determinado. Mas a experiência reitera que, como já cansamos de ver em áreas como o esporte, o nível de esperança pode fazer toda a diferença numa situação cujo desfecho está em aberto. É por isso que sempre se tenta estimulá-la entre os seus e desestimulá-la entre os contrários.

Para quem diz que aqui se fala muito de política, aí está a prova do contrário. Escrevi todo o texto sem tocar no assunto. Nem as pesquisas eleitorais falsificadas eu mencionei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário