"Na esteira dos ataques, clientes, em especial os ligados ao agronegócio, passaram a fechar contas e a retirar investimentos (...) Diretores e acionistas minoritários passaram a fazer questionamentos internos (...) Com a intensidade dos ataques, a XP acabou tomando a decisão radical de simplesmente cancelar a divulgação de seus resultados."
A choradeira é da militante de redação Monica Bergamo, mas quem mais deve lamentar é seu antigo colega de programa televisivo, o cabra do Ipespe, o pernambucano Antonio Lavairenda, responsável por comentar pesquisas na mesma emissora (Band) e pelas estilo Datafoice que a XPT passou a apresentar de uns tempos para cá.
Para quem não ligou o nome à pessoa, ele é aquele de cavanhaque. Aquele muito respeitado pelos tucanos, que a cada eleição os ensinava a não responderem agressivamente ao PT porque o eleitor queria "ouvir propostas" e votaria em quem prometesse construir mais UPAs ou coisa do gênero.
Especialista no assunto - entregar eleição aos bandidos - ele viu a vitória de Bolsonaro jogar por terra sua pregação de décadas e, como atacante bem marcado por um defensor, passou a atuar em outra faixa do campo. Só não sabemos se foi por decisão própria ou por ordem vinda do banco ou da diretoria que paga os salários.
Acreditamos mais na última hipótese porque sua mudança permitiu manter o mesmo esquema de jogo: dois pontas avançados, experientes e malandros, cada um dizendo que está certo porque dá o mesmo resultado que o outro.
Com o fim do Ibope, o IPEC formado por seus funcionários foi testado, mas acabou descartado por queimar o filme com o exagero de saída e ser jovem demais. Assim coube ao Ipespe formar a nova dupla com o Datafolha. No banco, preparado para entrar no desespero do segundo turno sem receio do ridículo, o velho Vox Populi.
O acerto foi através do empresário XP, que certamente pensou ter feito um excelente negócio. Mas o problema é que grande parte da torcida não aceitou a nova armação.
Considere os clientes que Moniquinha cita "em especial". Em função de sua atividade, o pessoal do agronegócio lida com pessoas de todas as faixas sociais. O amigo da fazenda ao lado, o gerente da sua, seu empregado mais humilde, o caminhoneiro, o dono do posto, o frentista, e por aí afora.
Em nenhum lugar ele vê os números da dupla Folha-Ipespe refletidos na realidade. Nenhum de nós vê. Ontem à noite eu comentei outra pequena experiência nesse sentido e recordei daquelas estimativas de que 10% da população seria gay. Você perguntava quem eram os 10% da família e ninguém tinha esse percentual na sua.
Não é questão de não gostar dos números. Em 2002 e 2006 o mesmo pessoal não gostava e tinha a esperança de que eles se mostrassem ao final errados, mas via o que eles diziam na realidade. Agora simplesmente não vê. Em lugar algum.
Esse é o motivo da reação (que a militante, seguindo o manual, chama de agressão). É óbvio que um corretor deve gostar de bons negócios e bancar oficialmente essas pesquisas deve ter sido um deles, mas quem confia num que defende a desonestidade e se mostra desconectado da realidade à sua frente?
Todo mundo está vendo o que está acontecendo. Se o jogo for dentro das quatro linhas não há nada a temer. O único receio é o juiz ser ladrão.
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