Tratar as pessoas como idiotas, eis uma coisa na qual nosso atual supremo com minúscula se especializou. Basta surgir uma contestação à atuação de suas magnificências e lá vem uma besteira pé nem cabeça de volta. A última foi do CM (não vou dizer o apelido completo porque quem o divulgou está na cadeia).
"Quem põe em dúvida o processo eleitoral não confia na democracia", foi a frase que ganhou as manchetes sem que o magnífico explicasse a relação entre uma coisa e outra. Desde quando o nosso processo eleitoral é sinônimo de democracia? Na Alemanha, só para citar um exemplo, ele seria considerado inconstitucional.
Eles não vivem criticando as opções utilizadas fora do Brasil e do Butão? Então CM e seus amigos não confiavam na democracia até a mudança que resultou no atual processo eleitoral? E passarão a desconfiar de novo se um dia a lei original for cumprida e o voto eletrônico passar a ser impresso?
Não é a primeira vez que um deles faz isso. Quantas vezes já não os vimos dizendo que não há provas de que a urna secreta não desvia votos? Como se a possibilidade já não fosse suficiente. E como se alguém pudesse conseguir as únicas provas que eles aceitariam sem a confirmação do voto impresso.
Virou hábito, quando precisam se justificar eles inventam um asneira qualquer e mandam ver. Se fosse para escolher a melhor eu votaria naquela de que tudo que envolve postagens na Internet está sujeito ao regimento interno do tribunal porque este utiliza a rede mundial. Só não tenho certeza de meu voto não seria desviado, é claro.
Não é só lá
Outra manchete diz que a atual onda de hepatite infantil pode estar relacionada ao uso de um medicamento. Pode, é uma possibilidade. Se for, não será a primeira vez. Recentemente, uma vacina contra a dengue foi retirada do mercado por causar efeitos colaterais. E a terrível experiência da talidomida ainda está na memória de todos.
Em parte, isso é natural. Por mais que um medicamento seja testado, muitas vezes não se consegue prever o mal que ele poderá causar. Imagine então quando se trata de algo criado às pressas para ser aplicado à imensa maioria da humanidade. Nada mais normal que ter dúvidas sobre a sua eficiência e temer efeitos adversos.
Mas com as vacinas desenvolvidas a toque de caixa contra a covid foi diferente. As reticências de parte da população foram encaradas como uma espécie de traição. Alguns chegaram a dizer que as críticas a elas (algumas das quais se mostraram justificadas) seriam uma recusa à ciência e à modernidade.
No fundo, temos aqui o mesmo discurso dos supremos, o mesmo desrespeito à capacidade de raciocínio do cidadão. Como infelizmente funciona com muitos, eles acham que está tudo bem.
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