Pobre Eco, tão esperançoso estava com os jornais. Com todo o seu conhecimento, não lhe ocorreu que os imbecis que o preocupavam na internet pudessem inverter o jogo e tomá-los. Ele não devia conhecer muito bem o jornalismo brasileiro, com certeza não imaginava do que seria capaz o pessoal da Folha.
O jornal acaba de criar um Comitê de Inclusão, cujo objetivo é sugerir e desenvolver projetos que o tornem mais inclusivo em temas como raça e gênero. Na cabeça dos inventores da coisa, isso abrange o possível "aprimoramento" de qualquer texto que trate dos temas em questão.
Antes de serem publicados (se o forem), esses textos serão embargados e devidamente fiscalizados. Como escreve o próprio jornal: "Na prática, isso quer dizer que eles serão lidos pela Secretaria de Redação para avaliação. O embargo permite que textos possam ser lidos por mais pessoas e aprimorados."
A iniciativa tem sua origem no clima de revolta que tomou conta da casa desde que sua direção permitiu que o antropólogo Antonio Risério (autor do livro sobre as sinhás negras) publicasse, em janeiro último, um artigo intitulado "Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo".
O Comitê de Inclusão fará reuniões periódicas e terá uma linha direta com a ex-ombudswoman Flavia Lima, mulher e negra que hoje é secretária-assistente de redação e editora de diversidade.
Composto por 17 jornalistas, o grupo procurou ser o mais inclusivo possível. Em termos de cor ele é formado por 12 negros e 5 brancos. Em termos de sexo, por 10 mulheres e 5 homens relativamente normais, mais um traveco e uma sapatrangênica. A Foice não informou quantos dos relativamente normais são gays.
Precisa censurar?
Não lembro se tentaram implantá-la como lei, mas uma das ideias do partido-quadrilha para "democratizar a mídia" consistia em obrigar os órgãos de imprensa a passar tudo o que publicassem pelo filtro de comitês compostos por "representantes da sociedade" como sindicalistas, ONGs e outros grupelhos petistas.
Hoje o irregularmente descondenado não fala mais disso. Mas é por sentir que não precisa. Com os jornalistas que já tem no bolso e iniciativas como essa da Foice (que devem se ampliar), o seu domínio sobre a imprensa está assegurado. Se chegar ao governo e usar as verbas de propaganda como antes, o serviço está feito.
A atual preocupação de sua turma é a censura da internet. E imaginem se jornalistas como a Flavia Lima e os que integram o tal Comitê de Inclusão não apoiam fervorosamente essa intenção. Pobre Eco, tão esperançoso estava com os jornais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário