quinta-feira, 7 de abril de 2022

Normal x anormal

Não sei se porque lá elas também começam "errando" a favor da esquerda, mas, a dias da decisão, as pesquisas da França mostram que Marine Le Pen cresceu e já empata na margem de erro com Emmanuel Macron, tanto no primeiro turno, domingo próximo, como no segundo, duas semanas depois.

O motivo pode ser mais pessoal que ideológico. Macron é um Doria melhorado, uma casca de marketing sob a qual não há muita coisa, é difícil se imaginar vendo o jogo a seu lado na TV do bar. Investindo na autenticidade, a mágica que transforma até defeitos em qualidades, sua adversária é gente como a gente, a vizinha ou amiga que você tem ou já teve.

Só funciona quando a embalagem combina com o conteúdo, mas também é marketing, é evidente. No entanto, o jornalismo progressista está apavorado com seu crescimento porque ela é de direita - extrema-direita, eles dizem - e defende pautas como impedir a excessiva islamização da França.

Para aumentar esse horror, o ultra-mega-hiper-direitista Viktor Orbán acaba de ser eleito pela quarta vez consecutiva na Hungria. A oposição se uniu sob o mote de "qualquer um menos ele", como os lacaios petistas na imprensa querem fazer aqui. Esperavam usar os efeitos da pandemia e da guerra contra ele, como aqui. Mas...

Orbán os incomoda particularmente porque já o haviam dado como acabado após ter ocupado o cargo de 1998 a 2002. Mas ele voltou em 2010 e continua lá. Voltou mais forte, como Trump e outros ameaçam fazer em breve. Coisas assim levaram um assustado Jamil Chade a escrever:

Em Paris ou em Budapeste, a marcha da extrema-direita não perdeu força. Ao serem "normalizados", esses movimentos ganharam a legitimidade das urnas que por tantos anos buscaram. Mas, acima de tudo, se consolidaram como parte incontornável do cenário político desses países. Dando o tom das campanhas eleitorais, definindo os temas da agenda de debates e alimentando a resiliência de um movimento ultraconservador que passou a ser a realidade em muitas sociedades.

Obviamente, o que o bobalhão do UOL chama de "movimento ultraconservador" envolve pouco mais do que era comum antes da esquerda politicamente correta impor seus conceitos cada vez mais deturpados à sociedade.

Duvida? Tente descobrir quantas pessoas o ultra-mega Orbán prendeu por motivos políticos, quantos livros proibiu e emissoras censurou, quantas eleições fraudou ou tentou tornar secretas com urnas não auditáveis. Nosso STF dominado pelos indicados do conhecido condenado dá um banho no sujeito em termos de ditadura.

Quando você aperta, tudo que sobra é a acusação de que o húngaro montou uma enorme rede de meios de comunicação, algo cuja eficiência é questionável em tempos de Internet. O resto de sua alegada tirania consiste em não nomear esquerdistas e chamar homem de homem e mulher de mulher.

Pessoas como ele podem estar sendo mais estridentes hoje porque os usurpadores culturais foram longe demais, mas só estão sendo "normalizadas" porque já o eram, sempre foram normais, gente que às vezes pode nem ser tão agradável, mas com quem você pode conversar enquanto assiste ao jogo na TV do bar.

Anormal é a turminha do Jamil, esse pessoal afetado que quer que todos chamem cachorro de gato e tenta substituir fatos objetivos por acusações equivalentes a bobo, feio e chato.

Já vimos como está a luta entre essas tendências na Hungria. Veremos agora na França.


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