Não se pode elogiar juiz antes do fim da partida, vale a máxima do futebol. Mas como aqui o jogo é longo e a questão é comparar o desempenho dos onze, dá para arriscar e destacar a atuação de Nunes Marques e André Mendonça, os dois novatos, que só chegaram ao time de cima após a última troca de técnico.
Ontem, enquanto oito deles chancelavam a arbitrariedade do colega que chegou ao cúmulo de mandar um deputado usar tornozeleira, eles foram os únicos a lembrar que estão ali para cumprir as leis e não para fazer parte de uma espécie de gang em que um acoberta o outro como mandamento maior.
Foram voto vencido, é claro, mas nos permitiram pensar como seria se fossem quatro contra sete (como pode ficar no próximo ano se não houver um retrocesso). Ou coisa melhor, pois se houver pelo menos quatro num prato da balança, talvez uns dois que hoje estão do outro lado possam tomar coragem e mudar.
Essas coisas são assim. Um sozinho é pressionado e tem dificuldade em enfrentar a panelinha. Com dois já podem ocorrer dissensos mais frequentes. É evidente que falta muito para a janela abrir de vez, mas, se ontem de manhã falamos na obscuridade das capas pretas, temos que destacar os raios de luz que a romperam à tarde.
Só escuridão
Chega a ser divertido o desespero que tomou conta do UOLtagonista, agora preocupado em mostrar que as erráticas decisões de Sérgio Moro são fruto da maldade dos "carlistas" e outros profissionais da política que querem não apenas acabar com a carreira do ex-juiz como devolver o país inteiro à gang petista.
Que queiram ou não queiram, quem obrigou Moro a se filiar à União Brasil dizendo que abria mão da ambição presidencial? Por que ele não ficou no Podemos, onde, apesar de algumas reclamações, podia fazer quase tudo o que quisesse? E por que ele não baixa a bola e tenta ainda ser o deputado bem votado que certamente seria?
Voltando um pouco mais, a grande pergunta: por que ele não ficou como ministro e dali partiu para o STF? Tirando as platitudes de que precisamos mais disso ou menos daquilo, todas as propostas de Moro dizem respeito a crimes e sua punição, ele saiu do juizado, mas este não saiu dele.
Ah, lembrei, é que ele não admitia que o presidente exercesse o seu direito de nomear um funcionário e queria reinar sozinho no ministério, sem interferência de ninguém. Mas e agora, não está tendo que lidar com jogadas políticas o tempo todo? Não está aguentando cem vezes mais do que dizia ser seu limite?
Quanto aos antas, que se lixem. Na verdade são eles que favorecem o petismo com essa ridícula história de terceira via (ou que nome tenham lhe dado agora). Só existe o petismo e quem o venceu na última eleição e deveria ser apoiado para consolidar o afastamento do partido-quadrilha.
O resto é conversa fiada. E quem diz não suportar algumas coisas de Bolsonaro devia lembrar do exemplo do ex-juiz que também não suportava.
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