quinta-feira, 31 de março de 2022

Revolução

Não errei o título, é o mesmo de ontem porque diz respeito a outro aspecto do movimento ali ligeiramente abordado. Não é outra perna do mesmo aspecto porque cada um anda muito bem por conta própria, sem necessidade de uma coordenação central. Mas esta pode existir porque os dois seguem na mesma direção.

Quando Bolsonaro foi eleito não faltaram previsões de que ele se daria pior que Collor. Sem um partido forte por trás, sem quadros para ocupar os milhares de cargos da administração, o presidente ficaria na mão dos políticos com que teria que dividir o poder e logo tudo implodiria entre mostras de ineficiência e escândalos de corrupção.

Pois ele chutou seus "aliados" do PSL e governou sem nenhum grande acordo com os políticos de carreira durante o primeiro terço do mandato, só se aproximando deles após a pandemia (nunca saberemos se por causa dela ou porque isso já estava previsto). E durante todo o tempo a máquina funcionou e as torneiras da corrupção permaneceram fechadas.

O segredo foi exposto pelo general Luiz Eduardo Ramos e pode ser lido no post Gente Nossa. Os militares ocuparam a máquina. E mesmo quando já conheciam o suficiente dela para poder repassar o controle oficial de diversos órgãos a políticos aliados (como é natural, saliente-se), mantiveram cargos por onde as tentativas de malandragem teriam que obrigatoriamente passar, como diretorias jurídicas e financeiras.

Esta é a revolução, eles decidiram voltar ao poder. Quando a esquerda quis implantar sua ditadura na base da metralhadora, foi enfrentada nos mesmos termos e derrotada pelos militares. Agora que o tenta ao disfarçado estilo bolivariano, estamos vendo uma reação similar de onde ela pode vir.

A esquerda, que se dedica muito mais à política, conta com seus sindicalistas. Conta com a imprensa, que foi ocupando com suas igrejinhas. Conta com a quase totalidade do pessoal das humanas, que em geral é sustentado pelo governo para fazer doutrinação política e formar novos militantes.

Não há grupos assim à direita, não na quantidade necessária. É só nas Forças Armadas que nós podemos encontrar milhares de pessoas bem preparadas intelectualmente, organizadas, sustentadas pelo governo e ideologicamente contrárias à esquerda.

Quanto ao resultado, depois de três anos temos aí um governo funcionando, eficiente, sem corrupção. Um regime militar sem censura, sem prisões arbitrárias e sem outros problemas do iniciado há 58 anos? Estou dentro.

De resto, não dá para saber como exatamente ocorreu a junção entre o atual movimento e Bolsonaro. Também não imagino como eles pretendem dar os próximos passos, como encarariam uma derrota de seu candidato (ou seus candidatos) numa eleição. Mas parece que os militares têm um projeto de longo prazo e, mesmo sofrendo um eventual revés, vieram para ficar.

Isso é bom. Não acredito num governo de direitistas arrumadinhos e falando basicamente de economia, como de certo modo o Novo parecia querer ser. Apostar nessas coisas é, mesmo ganhando uma eleição, logo trazer a esquerda de volta. A guerra também é cultural.

Creio que a melhor forma - talvez a única - do Brasil ir consistentemente para a direita é unindo a tendência silenciosamente manifestada pelos militares com a da expansão evangélica, como Bolsonaro hoje faz e outros podem fazer depois.


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