Encontrei-a mais de uma vez nos feeds e manchetes de portais de ontem, pelo jeito a notícia foi considerada importante. A manchete dizia que o sobrinho de Silas Malafaia estava por se casar. Contra a vontade do pai! Com outro homem!! Tinha até foto dos noivos, ambos com a barba estilo Eduardo Leite.
Isso foi ontem. E acontece que, durante o dia, ao dar uma olhada nos últimos tuítes de algumas figuras, achei um do pastor dizendo, bem-humorado, que não tem nenhum sobrinho prestes a casar com homem e nem todo Malafaia é seu parente.
Encontrei esse esclarecimento sem esforço algum. Não foi necessário marcar entrevista ou ligar para o Silas como os jornalistas de antanho tinham que fazer. Bastavam alguns toques preguiçosos no teclado para descobrir. Tarefa de menos de um minuto que qualquer estagiário poderia executar.
Imaginei que um deles fez isso por conta própria no celular e, verificando os fatos, procurou o chefe para se mostrar proativo e livrar o veículo do mico. Que resposta ele recebeu? Deixa como está mais um pouquinho, mais tarde a gente tira a notícia do portal.
Não foi um erro acidental, pois este teria sido corrigido em minutos. Foi proposital, o desejo de jogar um sobrinho gay no colo do detestado inimigo foi maior que o de manter a aparência de isenção que o pessoal que dirige essas coisas tenta ostentar.
A fake news será agora detectada e criticada pelas agências de checagem? Duvido muito. Acho que é mais fácil uma delas investigar os antepassados do noivo e do Silas até encontrar um elo na vigésima geração e então escrever:
Verificamos. Pastor bolsonarista mente ao negar parentesco com homossexual discriminado pela família.
* * *
Atenção moristas. Não desistam, é meio confuso, mas parece que o Piero (da guerra híbrida) ainda não desistiu. Vejam, sem edição alguma, o que ele comentou sobre a notícia da perseguição do TCU ao ex-juiz:
Se Moro parece estar de mãos vazias (mas não está), vai fazer o que? Sequestrar a pauta alheia para se cacifar com ela. Repetindo, portanto, a estratégia profunda de Bolsonaro/18. Captura e inverte, passando o ônus de opressor à vítima original (tem uma retórica bem plugada a uma Antropologia do sacrifício aí, mas deixa p lá). Meu palpite é que isso não está sendo feito como reação aos fatos produzidos pelo TCU MP etc. Essa é a máquina estatal que produziu a insurgência de 2014 & além, e ela não mudou de ideia. Sua atitude dissimulada (MP, STF, TCU, PF) visa pavimentar esse tipo de operação - captura e inversão. Some-se a isso esse exagero em mostrar amadorismo, e vemos toda a fórmula se replicar. Se considerarmos que Bolsonaro e ele emulam uma oposição mais real que nota de 3, dá até para suspeitar que o frango com farofa não passou de uma operação para "por oposição" jogar o 🦆 no centro da meta. "Menos tosco, mais legítimo". Tudo se passa para grudar nele um aspecto popular que ele não tem - sequestrador de tudo, máquina de captura. É bom lembrar que funcionou uma vez...
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