A invasão da Ucrânia tem sido vista até agora como uma derrota do politicamente correto, uma prova de que de nada adianta discutir sobre bobagens quando as coisas esquentam para valer, um alerta de que o Ocidente está se transformando naqueles reinos decadentes que acabaram conquistados pelos bárbaros mais resolutos.
É verdade, tudo que é exagerado pode atrair um oposto que não espera. Só que isso vale para o lacrador e para o bárbaro que confia em sua força. A pressão deste pode fazer muita gente fugir, mas uma pressão em excesso pode causar o efeito contrário.
Vimos isso quando a poderosa Globo tentou derrubar, por motivos até hoje desconhecidos, o até então cordato Temer. Se aquilo fosse mais light talvez tivesse dado resultado, mas o clima de "sai daí duma vez, moleque" foi ofensivo demais para ser acatado.
Agora foi a mesma coisa com o presidente ucraniano, a quem Putin tratou como um bobão que devia renunciar previamente para que as negociações começassem. Um pedido mais respeitoso, com garantias para a população e o país, poderia ser até aceito, mas é óbvio que algo assim seria inaceitável.
Quando isso aconteceu eu lembrei do Allende morrendo no palácio. E não deu outra, o Zelensky imediatamente se transformou de comediante que chegou lá por acaso em alguém disposto a dar a vida pela nação, um líder da resistência ao invasor.
Por ele ou não, o fato é que a Ucrânia está resistindo. Com coquetéis molotov, com armas que chegam de fora... e com propaganda, com manifestações que se espalham pelo Ocidente e encontram a simpatia esperada, afinal todos torcem por Davi contra Golias. E é aí que a lacração pode dar sua virada.
Acho que ainda está faltando um gatilho que pode ser qualquer coisa e vir de qualquer lugar. Imaginemos do Paraná, onde há uma grande colônia. De repente, no meio do clássico de lá, várias loirinhas com camiseta amarela se levantam e passam a gritar "Ucrânia, Ucrânia", um slogan fácil de levar. Uma torcida organizada previamente contatada as segue, parte dos demais torcedores também...
Basta algo desse tipo cair no gosto das redes para tudo se transformar em mais uma pauta defendida pelos politicamente corretos. O Felipe Neto já não disse que não deixar a invasão barato? Coisas assim, que geram barulho e não exigem nenhum risco, é o que esse pessoal mais gosta.
Em uma semana a FIFA estará sendo pressionada a parar os jogos aos 20 minutos do primeiro tempo para o estádio dar seu apoio à luta da Ucrânia. Camisetas serão vendidas, atrizes aparecerão chorando e por aí afora. Em duas semanas já haverá declarações de apoio à luta dos "ucranianes".
Putin que se cuide, a vingança dos lacradores pode estar vindo a cavalo (se é que andar a cavalo não machuca os pobres animais, isso eu não sei).
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