Deve ser por isso que eles se escondem do povo em quilombos. Foi o que eu pensei ontem ao descobrir, por seu tuíte pedindo graças a Oxalá, que a amante do condenado nas três instâncias técnicas é umbandista. Umbanda, quilombo, tudo é parte da cultura negra, certo? Pois não é que o fundador da umbanda é branco?
A umbanda foi fundada em 1908, no aniversário da Proclamação da República, pelo médium fluminense Zélio Fernandino de Moraes (1891-1975). E o famoso Caboclo das Sete Encruzilhadas foi um padre jesuíta morto na fogueira pela Inquisição. Quem nos conta é a BBC, no trecho abaixo.
Filho de uma família tradicional de São Gonçalo, Zélio estava se preparando para seguir carreira militar na Marinha quando foi acometido por uma paralisia. Ele tinha 17 anos. Acamado por alguns dias, teria declarado que "amanhã estarei curado" e, de fato, no dia seguinte levantou-se como se nada houvesse acontecido.
Diante da surpresa dos médicos, os familiares decidiram recorrer a padres católicos, mas estes tampouco souberam explicar o que havia sucedido ao jovem. Para a família, Zélio sofria de distúrbios espirituais. Então, por indicação de um amigo, levaram-no até a Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, na ocasião sediada em Niterói. O médium presidente da entidade teria organizado uma sessão espírita, com Zélio à mesa. Na ocasião, conforme relatos da época, houve a manifestação de espíritos de ancestrais africanos e indígenas, ou "pretos-velhos" e "caboclos". Classificando tais espíritos como atrasados, o dirigente da sessão teria pedido que eles se retirassem. Foi então que Zélio incorporou o "Caboclo das Sete Encruzilhadas", que, falando em defesa dos pretos-velhos e dos caboclos, disse que, se ali não houvesse espaço para que negros e indígenas "cumprissem sua missão", fundaria um novo culto no dia seguinte, na casa de Zélio. Seria 15 de novembro de 1908. Para muitos, o marco fundador da umbanda, como uma nova religião do Brasil. A partir do episódio, Zélio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas seriam identidades indissociáveis.
De acordo com o médium, a entidade seria a manifestação do padre jesuíta italiano Gabriel Malagrida (1689-1761), que andou pelo Brasil catequizando indígenas e, mais tarde, acusado de bruxaria e heresia, foi morto pela fogueira da Inquisição em Lisboa. Segundo Zélio, na "última existência física", Deus teria concedido a Malagrida "o privilégio de nascer como caboclo brasileiro". Com esse caldo cultural multiétnico, estava criado o mito da fundação da umbanda.
É óbvio que a BBC embala essas informações com a opinião de um militante que classifica tudo como apropriação cultural e repete a ladainha habitual. E outra coisa que eu não sabia: A "encruzilhada" é algo bom, pois lhe dá opções de mudança que não existem na reta. As "sete encruzilhadas" representam opções sobre opções, um infinito delas.
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