terça-feira, 18 de janeiro de 2022

E agora?

A primeira coisa que chama a atenção nas atuais pesquisas eleitorais é a ausência do Vox Populi, instituto que o PT sempre utilizou para apresentar os números que lhe interessavam. Aquele que, na véspera do segundo turno de 2018, ainda conseguia dizer que o Kit e o Capitão estavam praticamente empatados.

Abandonaram-no como o cliente da prostituta da esquina a troca pela universitária que passa a fazer programas. Surgiram outros institutos, novinhos e limpinhos, dispostos a fazer o mesmo trabalho que o já desmoralizado Vox fazia. Devem ser mais caros, mas dinheiro o partido-quadrilha tem de sobra.

Manipular as pesquisas não é difícil, a Internet nos oferece histórias de vários institutos que vivem como o Vox. Até os maiores já foram acusados de vender resultados em delações premiadas que só não foram em frente porque o STF as bloqueou. E para o PT é interessante mostrar uma grande vantagem nas pesquisas.

A outra lâmina da tesoura (Globo, Foice etc) controla as pesquisas restantes e também embarcou inicialmente nessa canoa. Esse pessoal prefere um Doria ou um Moro, mas quer antes de tudo tirar Bolsonaro. E sua típica fraude é a que o Datafoice apresentou uma semana antes do primeiro turno de 2018:

A mensagem dessa manchete fake é: Se você não quer o PT não vote em Bolsonaro porque ele vai perder para o Kit no segundo turno. Vote no Alckmin porque todo eleitor de Bolsonaro é antipetista e o apoiará no segundo turno, mas a recíproca não é verdadeira.

A intenção agora é a mesma, basta substituir Alckmin por Moro. Mas isso não é fácil porque Bolsonaro conta com apoiadores cujo número e fidelidade pode ser inferido por manifestações como a do 7 de Setembro.

Tentando assustar o eleitor de direita e rachar essa base, os Datafoices da vida seguiram as pesquisas subordinadas ao petismo e foram aumentando os percentuais deste até um nível que lhe permitiria vencer no primeiro turno. Só que não deu certo, pouquíssimos caíram na lorota de que só Moro pode evitar a volta do PT.

E o problema é que, para inflar o PT, eles estreitaram a margem de Bolsonaro, dos nulos e dos outros, que não pode baixar demais para a manipulação não ficar óbvia. E estreitaram a de Moro, que, tendo já roubado os votos possíveis de Bolsonaro, precisaria roubá-los de Lula para subir nas pesquisas, algo em que ninguém acreditaria.

Não sei como eles pretendem sair dessa sinuca. Uma opção é se acertar de vez com o eterno presidiário e enfiar o pé no acelerador.

Outra é brecar e começar a dizer que as atuais pesquisas não valem nada e todos têm chance porque as coisas só começarão a ser decididas a partir do meio do ano. Foi o que fizeram a Cantanhêde e o Portella, citados no artigo de ontem. Logo veremos se esses foram fatos isolados ou indícios de um novo posicionamento.


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