Para combater as "fake news sobre as vacinas", o UOL de ontem decidiu provar que não morreu mais gente de infarto e AVC depois que elas começaram a ser aplicadas, em janeiro do ano passado. O curioso é que os números levantados por eles mostram uma variação que não parece tão pequena.
Em três anos (2019, 2020 e 2021), as mortes por AVC somam, respectivamente: 102.233, 103.073 e 105.755. E por infarto: 100.237, 95.837 e 101.207. Vamos juntar as duas causas para facilitar:
2019 - 202.470
2020 - 198.910, menos 3.560 em relação ao ano anterior.
2021 - 206.962, mais 8.052 em relação ao ano anterior.
Variações acontecem, é óbvio, e é nisso que os "especialistas" ouvidos pelo portal se baseiam para dizer que está tudo normal. Mas eu duvido que aumentos de mortes comparáveis ao do ano da vacinação (2021) tenham acontecido em anos anteriores.
Aliás, conhecendo a honestidade intelectual dessa turma, tenho certeza que se fosse o contrário e eles estivessem contra a vacinação imposta pelo presidente, a manchete seria alguma coisa como: "Revertendo tendência de queda, mortes por AVC e infarto explodem após Bolsonaro ordenar vacinação."
E quem garante que não havia mesmo uma tendência de queda (a medicina evolui) e as mortes teriam diminuído novamente em 2021 se não fosse a vacinação? Mesmo que o aumento em si fosse normal, quem assegura que parte dele não foi causado pela pequena gota d'água que faltava e a vacina ofereceu?
Se um dia se descobrir que foi assim, ainda se poderá considerar que esse foi um preço razoável para evitar muitas mais mortes por covid? Talvez sim, quando se trata da turma acima de 40 ou 50. Porém, no momento em que querem vacinar crianças, que raramente têm problemas com o vírus, é mais um fator a considerar.
608.342
608.342 é o total de mortos pelas duas causas citadas, quase igual ao da pandemia. Ah, sim, esta matou em dois anos e as duas em três. Mas as duas já matavam antes e vão continuar matando depois. E são apenas duas entre muitas. A covid nunca foi a Peste Negra, mas uma doença entre outras.
Isso torna difícil entender a histeria causada por ela, aqueles lamentos pelos tantos sonhos interrompidos e o restante. E quem nos achar insensíveis é só explicar por que não chora do mesmo modo pelos que morreram de AVC, infarto e outras doenças, que também tinham sonhos e pessoas que sentirão sua falta.
Mas que estou dizendo? Eles não choram mais, nem por quem ainda morre de covid. Se chorassem lembrariam que houve uma pandemia e os problemas econômicos de agora são causados pelo que defenderam antes, não por quem defendia outra coisa. As lágrimas eram falsas, só política rasteira dos crocodilos que querem voltar.
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