terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Andando por aí

Corria o ano de 2017 quando um deles entrou numa rede de direita e voltou dizendo que era preciso tomar cuidado com aquele sujeito recebido por multidões em aeroportos do interior. Mas a maior parte deles continuou imersa em suas análises, sem nem sequer se dar ao trabalho de verificar pessoalmente se o colega tinha razão.

Esta última condição não se alterou. Pelo menos no Brasil, talvez para não correr o risco de ver ruir suas fantasias sobre o povo, a luta das classes ou coisa equivalente, o típico "intelectual" esquerdista (geralmente um sociólogo que arrumou uma boquinha pública) dá muito pouca importância à observação do inimigo.

É fácil fazer isso em época de Internet, não é preciso nem retirar o gatinho adormecido do colo. Mas os poucos que se aventuram nas redes adversárias são posteriormente recebidos nas lives de esquerda como aqueles desbravadores que no passado retornavam de algum país selvagem e desconhecido.

Assim, não sabemos quem será o Marco Polo de 2021 ou 2022. Mas em algum momento este virá a escrever que antes de comemorar o previsível e inútil apoio de parceiros ideológicos do exterior é necessário prestar mais atenção àquele sujeito que anda sendo entusiasticamente recebido pelo nosso interior.

As coisas mudaram, o público que o recepciona mudou. Antes havia uma maioria de jovens de classe média ampliada que festejavam seu aspecto "zueiro". Agora há de tudo, o dono da padaria, o atendente, a moça da lotérica, a jovem mãe com o filho no colo... Isso será melhor ou pior para a esquerda?

Um coisa que piorou é que agora o sujeito é presidente e tem obras para mostrar. Casas populares, pontes, trechos de estrada. Todos os dias os grupos de zap são abastecidos com novas imagens de suas realizações. Você pode achar pouco, mas para quem recebe é muito e o somatório cada vez maior exerce um impacto por si só.

Esse ritmo vai diminuir até a eleição? Ou é o contrário e será acelerado até lá? Não é preciso pensar muito para saber. Lembremos que o candidato à reeleição de 2006 lançou na última hora um programa de "recuperação de estradas" feito de remendos mal feitos que logo se arrebentaram. Mas isso funcionou.

Aquele candidato tinha alterado o nome das bolsas de auxílio aos pobres criadas pelo antecessor e ampliado seu valor. O de agora acabou de fazer algo parecido. Será que isso vai diminuir ou aumentar o entusiasmo com que o recebem? Eis outra pergunta fácil de responder.

É claro que o opositor de hoje pode escolher não ver essas coisas. Pode decidir esquecer que o cara botou um milhão de pessoas na rua recentemente e fantasiar que seus apoios são compostos por robôs. Pode até se agarrar nas pesquisas que às vésperas da eleição passada insistiam em dá-lo como morto.

Mas ele continua andando por aí e sendo festejado pelo povo. E só ele consegue fazer isso.

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