A era do careca rachando cabeças com o taco de beisebol acabou, a ultradireita agora se tornou gramsciana e está tentando conquistar a sociedade culturalmente para só depois implantar seu projeto político autoritário. Quem afirma, com pavor e um texto dedicado prioritariamente à Alemanha, é a DW.
Não é que os extremistas estejam lendo as obras do italiano, eles só pegaram sua ideia geral e passaram a disseminar suas próprias bandeiras. Como exemplo disso a DW voltou ao caso, que tanto a incomoda, da música que a garotada alemã assobia e canta nas festas com a letra alterada: "Fora estrangeiros, Alemanha para os alemães!"
Até crianças a cantam. Os meninos pensam que é uma brincadeira e quanto mais os adultos responsáveis os recriminam, mais eles a divulgam. E assim é com tudo, pois a ultradireita - aí vale Trump e o resto do mundo - inunda as redes sociais com mensagens aparentemente engraçadinhas que vão pervertendo a sociedade.
Porém o divertido não é a musiquinha, é a turma da DW criticando alguém pelo que ela faz. Mostrando que eles são os herdeiros dos gramscianos que conquistaram corações e mentes décadas atrás, os autores do artigo partem do pressuposto de que só a visão da esquerda globalista é aceitável.
Vendo sua hegemonia cultural ameaçada, os caras parecem um time de futebol reclamando do outro estar utilizado a tática que antes o levou à vitória. E como o artigo fica girando em torno dessa choradeira, a impressão que dá é que eles não sabem ou preferem não ver quais são os seus dois grandes problemas.
Um deles não é exatamente a tática, mas a qualidade dos jogadores. Os "ataques" aos imigrantes, que eles tanto focam, ganharam adesão popular pelos exageros cometidos pelos globalistas. E o mesmo vale para suas pautas woke e todo o seu antidemocrático desejo de impedir o dissenso.
Isso os deixa entre duas escolhas terríveis. Se insistem na imigração desenfreada, no woke e na censura, ganham antipatia popular. Se cedem um pouco para não deixar essas bandeiras na mão dos ultra, perdem a moral para dizer que eles devem ser isolados como os leprosos do passado. É um dilema.
Mas o principal problema é que eles não conseguem impedir o movimento dos inimigos. Conseguiram conforme foram dominando as cátedras, as redações dos jornais, as rádios e as TVs. A linha Maginot parecia inexpugnável, não havia por onde um invasor passar. Até que surgiu a internet e as redes sociais.
Eles nunca tiveram uma mensagem superior, apenas impediram outros de falar. Venciam facilmente porque conseguiram cartelizar a informação. Agora que o sujeito com um celular na mão pode causar tanto ou mais impacto que a manchete do grande jornal, sua grande vantagem esboroou-se.
Como poderia dizer aquele alemão: Não adianta vir com modinhas, Antonio, vence quem domina os meios de produção.

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