Salma de palmas - 2

"Falei mesmo, Valdete, não quis nem saber. Eles não gostaram, ficaram fazendo cara de nojinho. Tu sabe como são esses grã-finos, tudo cheio de garfo certo pra usar, de hora certa pra falar, de regrinhas pra lá e pra cá. Mas tu me conhece, comigo não tem fingimento. Joguei a verdade na fuça deles, se não gostaram o poblema não é meu."

Parece discurso de vagabunda barraqueira do núcleo pobre de novela da Globo, mas trata-se do depoimento fictício, porém baseado em fatos reais, de uma que enricou sem deixar de ser pobre de espírito... e faz questão de mostrar ao mundo quem é.

A gente ontem pensava que a sucessão de vergonhas do irmão e da cunhada do Frei Chico tinha se esgotado. Mas quando os chineses já soltavam um suspiro de alívio ao ver a dupla montada para seguir viagem - "ufa, a toltula acabou!" - ela virou-se repentinamente e, tal parta guerreira, soltou uma última flecha de estupidez. 

Acertou na testa do chefe, causando constrangimento geral ao se dirigir diretamente ao presidente Xi Jinping e solicitar a mudança do "algoritmo" do Tik Tok, que, em sua opinião como especialista em funcionamento técnico das redes sociais, favorece a "extrema direita". 

Era tudo de que a China não precisava no momento em que os EUA e outros países a acusam de manipular o Tik Tok. E foi uma ofensa ao seu presidente - que lá é respeitado como rei -  e uma quebra de protocolo quase impensável em termos diplomáticos, pois o fato aconteceu durante uma cerimônia que não previa a manifestação de ninguém.

Mas ela não se intimidou com essas regrinhas, Valdete, pediu a palavra e mandou ver. Como disse o gordão do Ancapsu ao comentar o episódio, melhor que um inimigo burro, só um burro com iniciativa. Continue assim, Esbanja, uma salma de palmas exclusiva para você.

Confissões de Barroso

Não é o que vocês estão pensando. Talvez mais tarde, no fim da vida, recolhido à casa de campo renascentista para onde se retirou após se aposentar como embaixador - "amei este país, não consegui mais deixá-lo" -, ele acabe revelando os segredos pessoais que tanto guardou. Por enquanto, limita-se aos políticos.

Ele já tinha confessado com orgulho que "nós derrotamos o bolsonarismo". Agora, em viagem pelos EUA, disse ter solicitado a interferência ativa de um governo estrangeiro - o de Biden, com CIA, Usaid etc. - nas eleições brasileiras de 2022. 

A ordem dos fatores deve estar invertida, pois a sua versão nos obriga a imaginar uma cena de comédia em que o velhote senil chama todo mundo e diz: "olha aí, pessoal, o Barroso acaba de falar comigo e me convenceu que nós temos que ajudá-lo a salvar a democracia brasileira". 

Mas o importante é que, novamente traído pela vaidade, ele nos ofereceu outra prova de que as eleições de 2022 deveriam ser anuladas. Não serão, mas isso serve para mostrar aos incrédulos quem tinha ou não razão. Melhor que um inimigo vaidoso, só um vaidoso que não consegue manter a boca fechada - ui!