Eu tenho vontade de puxar o revólver quando vejo pessoas como Mário Sabino ou Luiz Pondé constatarem, com argumentos irrespondíveis, que o PT está destruindo o Brasil. Está mesmo, a gente sabia que seria assim em 2022. O problema é que os dois caras de pau também sabiam, mas votaram no descondenado naquela eleição.
Ontem foi o Pondé quem, na Folha, alertou para o crescente poder do crime organizado no país, um dos aspectos mais danosos dessa degradação geral. Mas no meio do seu artigo ele achou tempo para dizer umas verdades sobre a degradação específica da mídia brasileira:
Enquanto ela não abandonar a peste que tomou conta de si nos últimos tempos, sua credibilidade só despencará mais. Não adianta os jornalistas darem uma de virgem no bordel tentando passar a imagem de que são imparciais e não ideologicamente enviesados. No momento, esse viés é descaradamente à esquerda e compromete o trabalho do dia a dia, os colegas de redação, a entrega de conteúdos (...)
As redes estão a ponto de destruir a credibilidade da mídia tradicional, mas a imensa maioria dos profissionais continuam pregando para conversos e achando que ainda enganam alguém fora da bolha. Esse viés destrói a qualidade da informação e produz "desinformação de qualidade". Os professores nas universidades são responsáveis por essa catástrofe, com suas obsessões e pregações ridículas em sala de aula.
A referência final aos professores me lembrou o recente artigo do Estadão em que o petista Eugênio Bucci, professor de jornalismo, se mostrava irritado com os leitores que ousavam não comprar o lixo partidário que a esquerda vendia como notícia e não demonstravam o respeito que ele julgava merecer por suas credenciais acadêmicas.
Aí você fica pensando que, apesar desta ser uma de suas acusações aos leitores que o desprezam, o Eugênio não pode ser tão burro a ponto de pensar realmente que a desconfiança sobre uma vacina seja uma negação das vacinas em geral e, mais ainda, da ciência como um todo.
Do mesmo modo, não é possível que ele desconheça a evidente veracidade de críticas como a do Pondé, não entenda que a desmoralização do seu tipo de mídia entre o público tende a aumentar e não perceba que o capuz das "obsessões e pregações ridículas em sala de aula" cabe direitinho em sua cabeça.
Percebe, entende, talvez até reconheça que está levando a atividade que deveria desenvolver para o abismo e pense vagamente em mudar. Mas não consegue, ele passou 30 anos dizendo outra coisa, escreveu livros, é consultado por ex-alunos que o admiram, vive entre colegas que pensam da mesma forma...
É como o viciado que admite o malefício das substância que ingere, mas não consegue deixá-las porque teria que abandonar o ambiente em que vive e os relacionamento que construiu para recomeçar quase do zero em outro lugar. Ou ainda pior, pois no caso do jornalismo os outros lugares são iguais ao que ele está.
E assim eles continuam na mesma toada. Talvez todos na reunião pensem que deveriam ser mais imparciais, mas nenhum tem coragem de se expor. Na hora de abrir a pauta, acaba saindo a mesma coisa: "o tema da semana é a estratégia para combater as fake news da extrema direita".
Nenhum comentário:
Postar um comentário