Extra, extra! O STF mandou prender o general Braga Netto, atualmente na reserva, por atrapalhar as investigações sobre a trama golpista. Agora é só especular sobre a sua delação premiada para dar a ideia de que existe algo a delatar e a imprensa amestrada adicionar outro desvio irrelevante ao seu arsenal.
Foi necessário. Apresentado depois de uma cobrança de dias, o vídeo do octogenário desfilando fagueiro pelos corredores do hospital pareceu tão artificial que produziu um efeito contrário ao desejado. A roleta dos factoides foi acionada e o sorteado da vez foi o general. Acontece.
A droga do Assad
Voltando ao noticiário normal, o tema de hoje começa pelo captagon, a droga sintética que surgiu como remédio de um laboratório alemão - Captagon era um nome comercial - e acabou sendo proibido, mas a Síria de Assad passou a produzir e exportar ilegalmente em escala industrial.
Destinados a causar intensa euforia, os pequenos comprimidos encontraram um mercado que ia dos combatentes do Estado Islâmico aos baladeiros europeus, gerando uma operação que conferia vantagens políticas e econômicas à ditadura síria.
Dizem, por exemplo, que Assad chantageou a Arábia Saudita ameaçando inundá-la com sua droga e desvirtuar sua elite desocupada caso não obtivesse apoio em determinadas questões. Mas seu maior interesse estava no resultado financeiro que a exportação do "produto" trazia ao regime.
Os rebeldes que tomaram o poder expuseram os estoques de captagon ao mundo e prometeram eliminá-los. Mas daqui a pouco eles precisarão de recursos para manter o poder e governar, a economia do país está destruída... Não será uma grande surpresa se a promessa acabar sendo esquecida.
Não é o único
Como o lucro das drogas que dependem da agricultura é maior que o de qualquer cultura normal, dirigentes de países que as produzem são tentados a permiti-las, mesmo que aleguem oficialmente o contrário. E essa possibilidade foi estendida a todos com o surgimento das drogas sintéticas.
O melhor exemplo disso é a Coreia do Norte, governada por um grupo que opera como uma máfia e se especializou na fabricação de comprimidos mágicos e dólares falsificados, ambos destinados à exportação.
Nesse mercado há inclusive espaço para intermediários como a ditadura cubana, que após o colapso da União Soviética sustentou-se durante algum tempo servindo de entreposto para a cocaína levada da América do Sul para a do Norte. Descoberto, o ditador Fidel jogou a culpa no general Ochoa e mandou executá-lo.
Hoje a cocaína passa por outros países para chegar aos EUA e à Europa. Mas esse tráfico é combatido em todos eles, restando-nos torcer que tudo continue assim e nenhum se transforme numa ditadura que é conivente com o crime e usa generais como bodes expiatórios.
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