domingo, 10 de março de 2024

Portugal vai às urnas

Dia de eleição em Portugal, as pesquisas - que por lá chegam a entrevistar 600 eleitores, calcule a proporção - dão até 29% para o Partido Socialista, hoje no poder, e até 32% para a coligação da Aliança Democrática. Correndo por fora e corpos atrás, o Chega, de "ultradireita", tem menos de 20%.

Não encontrei o número exato, mas, além dos que têm dupla cidadania, muitos dos 400 mil brasileiros que vivem no país de 10,3 milhões de habitantes podem votar. E, para horror de uma parcela do nosso jornalismo, o Chega parece ser relativamente mais popular entre os "zucas" que entre os nativos.

Os argumentos dos escandalizados se resumem às restrições que o partido pretende impor à imigração. Segundo esse pessoal, a "categoria" dos imigrantes estaria indo contra seus próprios interesses ao votar no Chega. Mas, além do brasileiro não se sentir tão estrangeiro em Portugal por motivos óbvios, há dois pontos que justificam esse apoio.

O primeiro é a estreita ligação entre o líder do Chega, André Ventura (foto acima), e Jair Bolsonaro. Muito brasileiro que apoia o Capitão tende naturalmente a simpatizar com o sujeito que prometeu presentear o Molusco com outro título de persona non grata caso seja eleito.

O segundo ponto está ligado ao primeiro, pois embora os problemas por lá pareçam ridiculamente pequenos em comparação com os nossos, os brasileiros sabem que coisas como a lacração nas escolas e a criminalidade podem crescer rapidamente se não forem combatidas desde cedo.

Um fato interessante é que a Aliança Democrática promete não se aliar ao Chega para formar o futuro governo. Como acontece em outros países da Europa, a "direita convencional" não quer se misturar aos "radicais" e tenta isolá-los. Isso deve funcionar agora, mas será que dará certo à frente?

Nos EUA e no Brasil, cada um a seu modo, os cheirosos tentaram fazer o mesmo e acabaram sendo engolidos pelos feiosos. Dará certo por lá a longo prazo? Terás que esperar o longo prazo para saber, ó gajo.

Democracia até demais

Na Venezuela também haverá eleição em breve, permitindo que a população escolha livremente entre um governo de extrema esquerda e um governo de extrema esquerda. Oposição de verdade, nem pensar. Depois de tornar a principal candidata opositora inelegível, o regime agora está prendendo membros do seu time.

Os motivos para as prisões são parecidos com os de outros países. Conspiração contra o regime democrático, associação criminosa (embora não "armada," como a das pérfidas velhinhas do 8/1) e até violência de gênero, pois um dos detidos estaria envolvido numa suposta agressão contra militares mulheres.

Mas não se preocupem que tudo acontece dentro da lei. O procurador-geral ordena as prisões e os detidos serão posteriormente julgados pelas altas cortes do país. Dizem que terão direito até a conhecer seu processo e a julgamento individual com sustentação oral de seus advogados. Justiça até demais.



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