Se alguém tinha dúvida de que os nossos principais jornais formam hoje um cartel, o fato de Bolsonaro ter sumido repentinamente das manchetes em que predominava deve bastar para eliminá-la. E que esse cartel segue os interesses do lulopetismo fica óbvio quando se verifica que o mesmo acontece em esgotos como o Brasil 247.
Gostaria de saber como estão os noticiários das principais TVs, mas não tenho ânimo para verificar. Nosso instituto vai ficar devendo essa parte da pesquisa. Mesmo reconhecendo que ela é importante, pois, por exemplo, eles podem ter decidido que é contraproducente continuar a bater em Bolsonaro entre os que leem, mas é vantajoso fazê-lo entre seu eleitorado cativo no Analfabetistão.
A outra dúvida é a que já foi mencionada por aqui: isso já estava programado ou a mudança dependia da reação ao 8/1? Me inclino pela segunda hipótese: tudo continuaria como antes se a fantasia do golpe das velhinhas com Bíblia tivesse sido comprada pela população. Alteraram a abordagem porque a propaganda não funcionou.
Quem fala sobre isso no O Globo de hoje é o petista Pablo Ortellado. Usando duas pesquisas, ele mostra inclusive como estas podem manipular respostas com as próprias perguntas, pois o apoio à "ocupação" numa delas é muito maior do que o prestado à "invasão" da outra.
No cerne da coisa, ele, obviamente, omite que a ocupação/invasão foi estimulada pelo GSI petista para criar todo aquele teatro e se dedica a alertar que a condenação ao maléfico 8/1 é ainda menor do que parece. Por quê? Deixemos que o próprio Pablo fale:
Impressionantes 38% acreditam que Bolsonaro ganhou a eleição presidencial de 2022, e não Lula - acreditam que houve fraude. Entre os eleitores de Bolsonaro, a crença na fraude eleitoral é de 85%. Vinte e um por cento dos brasileiros acreditam que a principal razão de os manifestantes terem ocupado o Congresso foi a fraude eleitoral - entre os eleitores de Bolsonaro, esse entendimento chega a 44%.
Eu diria que a história é pior, pois, como mostrou A Cara da Democracia, pouco mais que um terço da população confia plenamente nas urnas sem voto auditável. A diferença está no viés de confirmação do eleitor petista, que não quer passar recibo e acha que pode haver fraude, mas prefere pensar que desta vez não houve.
De qualquer modo, esta é a verdadeira propaganda ruim. São anos de comerciais do TSE, invocação do testemunho de "autoridades", programas de TV, interferências em postagens de cidadãos comuns, censura de críticas e tudo o mais. E, mesmo assim, eles não conseguem convencer. Ao contrário, a desconfiança só aumenta.
Pior ainda. É evidente que o Pablo não considera este aspecto, mas, sendo o eleitor de Bolsonaro na média mais escolarizado que o petista, percebe-se que é justamente entre quem tem mais condições de avaliar a questão por conta própria que a confiança nas urnas e no TSE é mais baixa. Também aqui, a estratégia não funcionou.
Para terminar, Pablo diz que 43% do total e 75% dos eleitores de Bolsonaro acreditam que as punições aos participantes do 8/1 foram exageradas. E conclui:
Podemos ignorar essa opinião e celebrar, de olhos fechados, uma unanimidade imaginária que condena o 8 de janeiro e celebra as instituições democráticas como são hoje. Mas não escutar a discordância de tantos brasileiros não nos levará longe.
Tomara que não leve mesmo, Pablito. E, vai por mim, esses números ainda vão ficar piores para vocês.
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