segunda-feira, 10 de julho de 2023

O iluministro

Cútis bem cuidada, ricos adornos, vestes rendadas, trazendo luz para as trevas em que vive a massa ignara de manés que anseiam por sua orientação sobre o que ler, ouvir ou pensar, assim se vê o iluministro. Pena que o nome entrega, lembra barro, lama pútrida e fétida. Foi um aviso de alerta que o destino lhe colou.

A contradição já estava presente na sua elevação à santidade, digo, ao cargo. Ele vende a versão de que o recebeu por sua sabedoria, dizem até que apagou o motivo real de seu currículo. Mas todos lembram da sua defesa do lixo italiano assassino de crianças, xodó da extrema-esquerda que rasgou a lei para protegê-lo.

Anteontem ele atacou de novo, saiu do armário para dizer o que todos já sabiam: "o judiciário se tornou um poder político". Mas ainda tentou fazer de conta que isso era um espécie de favor prestado a contragosto que "não produz ativismo". Deu até um exemplo de sua ação benfazeja. Vejam aí:

Uniões homoafetivas foi tipicamente um caso em que existem as uniões homoafetivas, não havia lei regendo a matéria, alguns aplicavam sociedade de fato, outros achavam que deviam aplicar união estável, e o Supremo interveio e decidiu que vai reger na união homoafetiva as mesmas regras da união estável. Essa foi uma solução criativa, não havia regra e o Supremo criou. Mas fora isso foram raríssimos os casos.

Olha como pensa o cara, bem que o destino avisou! Dizer que esse raciocínio veio da lama é ofensivo aos porcos que nela se refestelam. Daria para analisá-lo de vários ângulos, mas vamos tentar resumir.

Em primeiro lugar, o iluministro mente descaradamente. Havia sim (ainda há) a regra de que casamento é entre homem e mulher, que são nominalmente citados na Constituição porque aqueles que a redigiram discutiram a possibilidade e decidiram deixar claro que ela não se aplicava às "uniões homoafetivas".

Você pode fazer o jogo de palavras que quiser, mas o espírito da coisa é claríssimo. Quem achava que a situação precisava ser legalizada do jeito x ou do y deveria se candidatar e tentar alterar a lei. O iluministro, antigo militante do casamento gay, finge que a única opção possível era escolher um entre os dois errados.

E faltou ele explicar por que a regra do "já que existe, temos que legalizar" não se aplica a outras situações. Só para não sair muito do assunto, há homem vivendo com três mulheres, vários homens com várias mulheres e assim por diante. Há menina de doze anos casada na prática. Por que para esses vale a lei escrita?

Não deixa de ser interessante que eles aceitem as restrições de grau (idade) e número (só dois), mas ataquem as de gênero, as únicas fundamentais no caso de algo cuja base é a socialização do instinto reprodutivo. Gente como o iluministro abusa do perfume para tentar encobrir o fedor do seu raciocínio de pocilga.

Para não ir mais longe, vi agora que Paulo Pozonoff Jr. também decidiu falar sobre o iluministro e sua turma na Gazeta do Povo de hoje. Sugiro o artigo e deixo aqui seu último parágrafo:

Tampouco eu sou como meus pais. Uma pena. Porque um dia também acreditei na mentira da evolução pessoal. Ou melhor, evolução geracional. Também eu me vangloriava de saber de tudo na ferida viva que era o meu coração – olha só que coisa mais patética! Por sorte, minto, pela Graça fui resgatado. Do contrário, aposto que hoje estaria igual ao Barroso: fechando os olhinhos, com aquele ar de enlevo arrogante, enchendo a boca para falar em progresso, progresso, progresso, e reclamando daqueles que são malpassados e não veem que o novo blá blá blá.


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