sexta-feira, 19 de maio de 2023

Novas descobertas da psicologia

Ontem nós falávamos daquele pessoal que se diz contra o aborto, mas, entre duas candidaturas com posições comprovadamente opostas sobre o tema, escolhe a que é a favor dele. Ou que se diz contrário a ditaduras, mas apoia governos que são sócios/lacaios destas e querem censurar o cidadão comum.

São posições difíceis de entender quando somadas, pois, no caso hipotético em questão, tanto o aborto quanto a censura são bandeiras antigas da turma na qual vota o sujeito que se diz contra as duas coisas.

Chegar a esse ponto exige uma grande capacidade de enganar a si mesmo aliado a um desejo de submissão a uma autoridade que lhe diga o que ler e o que pensar. E, claro, também ao ódio a quem prefere decidir isso por si mesmo e, com a censura, se veria jogado na mesma prisão mental em que ele decidiu voluntariamente viver.

Mas o ponto é que, enquanto fazia essa minha incursão pelo campo da psicologia, eu acabei tendo um insight que me permitiu vislumbrar o que se passa nas profundezas do cérebro daquele outro pessoal estranho, que não defende a censura e não vota em quem a defende, porém o auxilia ao não votar em quem é contra ela porque este não seria bom o suficiente.

É fácil entender a posição de grupinhos que fazem isso para lucrar política e financeiramente, apresentando-se como os únicos idealistas impolutos do mercado. Mas o que leva alguém a acreditar neles, o que se passa na cabeça dos seguidores que não entendem que nunca haverá um candidato perfeito no mundo real?

Uma das questões que mais me intrigava era que, quando se pedia para essa gente sugerir um nome, a resposta era que primeiro nós devíamos retirar todo o apoio ao candidato mais próximo das posições que tínhamos em comum, para que só então o candidato ideal descesse dos céus entre brumas de mil megatons.

Isso é totalmente inviável em termos práticos, quem quiser o cargo tem que entrar na arena política e se mostrar capaz. E é uma coisa tão doida que leva o isentão (é assim que eles se chamam) a lutar contra o candidato próximo de suas posições, que ele vê como um usurpador que impede a descida do escolhido dos céus.

Por que ele pensa assim? De onde esses caras tiram isso? Foi nesse ponto que veio a iluminação. Trata-se de uma projeção de algo mais profundo, esse padrão de comportamento está gravado na mente do isentão desde muito cedo, quando ele era o menininho que ficava no apartamento com a vovó.

Louco para brincar no play, mas proibido de sujar o shortinho lavado e passado com esmero, ele ficava espiando pela fresta da persiana para ver se os meninos grosseirões ainda estavam brincando. E só quando suas mães os retiravam e o play se esvaziava é que ele tomava o elevador e descia para lá.

Perceberam a relação, a motivação profunda da história de primeiro tirar o desbocado imperfeito para depois o perfeitinho descer? Modéstia à parte, acho que matei a charada. Só espero agora que os Psicólogos pela Democracia não me denunciem por exercício ilegal da profissão.

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