sexta-feira, 10 de março de 2023

Calcificação

Meio sem querer, William Waack expõe, no Ex-tadão, a tática da sua turminha, basicamente a mesma do MBL: primeiro a gente ajuda o lulopetismo a derrotar Bolsonaro e ele some da face da terra, depois a gente volta a se fingir de antipetista e aquele pessoal que votou nele cai no colo da nossa lâmina da tesoura.

Claro que ele não diz desse jeito direto, com todas as letras. Como se estivesse apenas observando de modo isento, o malandro constata que o ex-detento:

(...) exibe dificuldades para extrair vantagens decisivas de dois presentes políticos que deveriam beneficiá-lo muito mais. O primeiro foi a insurreição bolsonarista do 8 de janeiro que, supõe-se, destruiria a essência de uma corrente política. O segundo foi o escândalo das joias das Arábias, que destruiria a essência da pessoa de seu adversário político.

Waack também explica que as essências não foram destruídas por culpa da "calcificação" do eleitorado que está dividido e minimiza tudo que poderia afetar o seu lado da guerra.

Não deixa de ser verdade, mas daí a equiparar Bolsonaro e seu governo à bandalheira liderada pelo condenado por unanimidade nas três instâncias técnicas vai uma enorme distância.

Basta lembrar quantas vezes a imprensa estilo Waack tentou. Faziam um barulhão, escreviam indignados contra o leite condensado ou a vacina indiana, tentavam embaralhar os fatos, falavam da "corrupção" do governo... E, quando a poeira baixava, não havia nada.

Tem um post do blog sobre a reportagem em que o próprio O Globo um dia listou os "atos de corrupção" de Bolsonaro. Eram seis suspeitas de bobagens ocorridas lá na ponta. A liberação irregular de um caminhão com madeiras nobres, os pastores que teriam achacado alguns prefeitos, tudo pequeno, nada comprovado.

O mesmo se deu com os "atos antidemocráticos" do presidente, também seis na confissão do defensor de terroristas que queimavam crianças. Um deles é que alguém teria dito que Bolsonaro pensou em mandar aviões voarem baixo para quebrar janelas!!!

Seria ridículo por si só. Mas se torna ainda mais quando se compara com aquele sujeito que criou o maior esquema de corrupção da humanidade e sempre tentou (como tentará) seguir o modelo de seus colegas do Foro de São Paulo, estabelecendo a censura no país e governando com "conselhos populares".

A própria necessidade de requentar as joias em que o TCU não viu problema algum e tentar transformar um protesto ocorrido quando Bolsonaro já havia saído do governo num golpe de estado - o primeiro aplicado por idosas desarmadas - mostra que não foi encontrado absolutamente nada errado em quatro anos.

Não sei exatamente o que se passa na cabeça desse pessoal dos jornalões, mas imagino que eles estão "calcificados" a seu modo, presos em um mundo que adoravam e que está a caminho da extinção, no qual bastava inventar alguma coisa e bater bastante e coordenadamente nela para destruir correntes políticas e pessoas.

Nessa bolha, eles acabaram criando uma explicação que os confortava, segundo a qual os planos anteriores não haviam dado certo porque Bolsonaro ainda estava no governo. Mas, com este acabado, bastariam uns dois petelecos para acabar com tudo aquilo. Só que não funcionou de novo.

O que Waack realmente lamenta não é que o descondenado não esteja aproveitando a ajuda da parcela canalha da imprensa, mas que esta, da qual ele faz parte, já não tenha mais o poder de destruir facilmente o que não atenda a seus interesses escusos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário