Voltando para casa após vencer uma disputa diplomática contra um país vizinho, o Barão de Rio Branco recusou-se a desfilar em carro aberto para ser saudado pela população que acompanhara o caso pelos jornais. Isso só geraria rancores entre os derrotados, explicou o diplomata, melhor fazer de conta que nada aconteceu.
É isso que me deixa com uma pulguinha meio híbrida atrás da orelha. Imagine a situação: você evitou o voto impresso e controla a programação das urnas e a (in)justiça eleitoral. Está tudo arrumadinho, para que você vai demonstrar abertamente sua parcialidade e atiçar os ânimos do lado que pretende derrotar?
Veja o caso das inserções em rádios. Seria perfeitamente possível receber a reclamação em tom solene, servir um cafezinho aos que a levassem, declarar que os fatos podiam ser sérios se comprovados... E depois não fazer nada (como aconteceu), mas em tom amistoso, com um sorriso nos lábios, sem ameaçar prender e bater.
Outro exemplo recente é o da Jovem Pan. Os caras sabem que o bandido não foi inocentado, até seu ex-colega Marco Aurélio esclareceu isso com todas as letras. Que vantagem eles levam tentando fazer a emissora declarar o que querem? Parece coisa de estuprador que quer obrigar a vítima a dizer que o ama.
Eles são psicopatas que não conseguem se controlar? Todos eles? Não creio. São ingênuos que não sabem que suas atitudes causam revolta entre os prejudicados? Parece evidente que não. O que lhes custaria fingir imparcialidade? O que eles ganham colocando cada vez mais lenha na fogueira?
Não sei.
Como não vale nada, acho que ninguém ficará ressentido com a vitória dos que, como eu, apostaram que Elon Musk restauraria a conta de Donald Trump logo que assumisse a direção do Twitter. A efetivação da compra foi uma novela que se estendeu, mas a decisão de reabilitar o laranjão foi quase imediata.
Antes disso, ainda pela sua outra rede social, Trump manifestou seu apoio a Bolsonaro e ressaltou o perigo representado por "Lulu", o "lunático esquerdista radical" que pode destruir o país. "Lulu" foi ótimo. Mas não podemos deixá-lo bagunçar a sala, precisamos colocá-lo de volta na casinha.
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