quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Eram os governantes astronautas?

"A família mora no Texas, duvido que alguém fale três minutos sobre o que ele pensa, ninguém sabe. O cara foi ao espaço em 2006 e depois foi vender travesseiro. E o outro? Não conhece nada de São Paulo e quase venceu no primeiro turno. E nos demais estados? Kleitinho? Damares? Que Brasil é esse? O que está acontecendo?"

A choradeira, que pode ser acompanhada por inteiro aqui, é de Marco Antonio Villa, que não entende como o povo paulista deixou de eleger candidatos bacanas (como ele mesmo) e permitiu a invasão dos alienígenas grosseirões - e "nazifascistas", o civilizado que deplora a falta de respeito ao outro faz questão de ressaltar.

O professor se confessa estupefato, pois considerava 2018 um ponto fora da curva que seria corrigido agora, quando, após quatro anos de alerta do nosso jornalismo repleto de pessoas conscientes (como ele mesmo), a caterva acabaria solenemente descartada. Mas não, 2022 foi pior, muito pior.

E do ângulo dele foi mesmo. Tarcísio talvez seja o exemplo maior, pois, sem nunca ter vivido por aqui, acabou com a dinastia tucana que há décadas controlava o maior estado do país e, após ter beliscado no primeiro turno, agora só precisa enfrentar o perdedor profissional para colocar a faixa.

Mas já no Senado, numa eleição particularmente difícil porque só tinha uma vaga por estado sem segundo turno, esses casos abundam. Em outras circunstâncias, que chances teria o Astronauta em São Paulo? Ou Damares em Brasília? Ou Mourão no Rio Grande do Sul? E existem vários como eles.

Na Câmara então, nem se fala. Em um vídeo que circulou por aí, falando aos coleguinhas da CBN, uma apavorada Vera Magalhães disse que eles somam nada menos que 99. Todos reacionários, armamentistas, negacionistas dos "padrões civilizatórios internacionais" que os profissionais como ela tentam implantar entre os selvagens.

É como a gente disse tempos atrás, a imprensa convencional deixou de observar a sociedade para se fechar em seu mundinho e passar a ser observada por esta através das redes. Eles se surpreendem (e deveriam se envergonhar disso), mas sua surpresa e os erros de suas Datafraudes eram esperados por nós, não nos surpreendem.

Tampouco seu pavor. Mais do que seu número, o que os assusta é que os invasores têm um comando central que se fortaleceu nesses quatro anos. Em 2018, Docinhos, Frotas e Joyces fingiram segui-lo para embarcar na nave. Em 2022 os traidores foram fulminados pelo eleitor, que só elegeu os que se mostraram confiáveis.

As pessoas não votaram no Tarcísio, no Astronauta e na Damares. Votaram em Bolsonaro, Bolsonaro e Bolsonaro. Na verdade, naquilo que ele melhor encarnou, não num líder que seria cegamente seguido em qualquer circunstância (como imaginam, também erroneamente, os Villas e as Veras).

Mas essa distinção aqui é secundária. O que importa é que, pelo menos nesta galáxia, nunca houve alguém capaz de eleger terceiros como o atual presidente. Jamais vimos algo parecido com isso. E aí vem a pergunta: pode alguém com esse prestígio junto ao eleitor não ser ele mesmo eleito?

A resposta todos sabem qual é.

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