sábado, 19 de fevereiro de 2022

Não é possível

Mas será que o bolsonarista mais tosco não levou tudo a sério? A pergunta apareceu aqui e em alguns poucos artigos por aí. E a resposta é sim, é óbvio que entre seus admiradores deve existir quem tenha acreditado que Bolsonaro realmente evitou a guerra e hoje idolatre o seu Mito com um fervor ainda maior.

Não sabemos quantificar esse público, mas não há dúvida de que se trata de uma minoria entre os que estão mais à direita do espectro político. E o interessante é que do outro lado ocorreu exatamente o oposto, a exceção entre os esquerdistas foi quem entendeu que tudo não passava de um meme.

E olha que estamos considerando aqui pessoas com níveis culturais muito diferentes. Todos imaginam o direitista que acreditou no meme como alguém inculto que pouco estudou. Mas o esquerdista que fez o mesmo é o "intelectual" que ostenta títulos universitários, escreve em jornais e coisa e tal.

No fim, mais uma vez, a esquerda não se sai muito bem na comparação. Será por coisas assim que seus integrantes tanto fogem do debate aberto? E qual será o segredo de Tostines: tornar-se esquerdista faz o sujeito emburrecer ou ele já esquerdizou-se por ser burro desde o início?

Laica e insistente

Pior é que alguns levantam só para pisar de novo na casca da banana. Não satisfeita com o mico pago em rápidos tuítes, Márcia Tiburi, "professora de Filosofia, escritora, artista visual", discorre mais longamente sobre o tema em artigo no Esgotão 247. Entre os trechos de seu artigo que ganham vida própria salientamos o seguinte:

Imaginemos que algum desses tipos tenha consciência de si mesmo por um segundo e seu narcisismo se esfacelaria muito rapidamente. Mas a incapacidade de pensar sobre si mesmo é um traço constante das pessoas com a síndrome autoritária. Por isso mesmo conseguem fazer papelão e se darem bem.

Porém o mais melhor ela deixou para o final, quando se fixou no aspecto religioso, isto é, nos memes em que o Mito é enviado por Jesus para evitar a guerra "em terreno comunista". Lamentando que essas "Fake News" tenha circulado até pela Folha "sem que o jornal tenha desmontado a mentira", Marcinha escreve:

Bolsonaro posando de salvador nesse conflito é um ápice do ridículo para quem é capaz de raciocinar, mas é apenas a manifestação de Deus conduzindo o líder rumo ao seu destino sublime para os rebanhos bolsonaristas.

Aqui alguém poderia fazer a velha pergunta: eu conto ou vocês contam? Mas eu acho que não ia adiantar porque a moça parece definitivamente disposta a levar o meme a sério, nem a reserva da Foice a despertou. Tanto que a sua conclusão é que:

O "mito" Bolsonaro segue sendo construído agora com uma acentuação religiosa que alguém de esquerda dificilmente terá. É a remitificação do mito fascista. Se o projeto de poder da igreja do mercado, que manipula o nome de Deus e, assim, o povo, não for freado, não haverá saída para a esquerda senão investir em líderes religiosos como candidatos.

Pô, Márcia, logo você, tão laica? Mas até que seria divertido ver a esquerda participando das eleições com esses padrecos da Teologia da Libertação. Já tem até meme para isso, com um personagem do reino espiritual dizendo, como Jesus a Bolsonaro: vai lá, vai lá. Um vermelhinho, para combinar.

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